terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O preço que ninguém vê.

Os revendedores de veículos prevêem um crescimento para o próximo ano de mais de 15% na venda de veículos novos. Esta afirmativa nos leva a uma reflexão sobre o custo destes veículos que ninguém vê na hora da compra. Vamos, portanto fazer um exercício sobre o custo mensal de um veículo além do preço do mesmo ao longo de um ano. Vamos tomar por base um carro popular de aproximadamente R$ 30.000, 00 e que a metade desse valor foi financiada. As primeiras despesas antes de se pisar na rua são o IPVA de 4% sobre o valor do veiculo mais seguro obrigatório e taxa de licenciamento, um custo de aproximadamente R$ 1.350,00.

Supondo-se que o veiculo vá rodar pouco, em média 1200 kms por mês, o gasto aproximado com combustível para rodar 14.400 kms em um ano com um consumo médio de 12 km/l, com combustível a preço médio entre álcool e gasolina de R$ 2,50 o litro, seria de R$ 2.500,00.

Some-se a esta despesa duas trocas de óleo ao ano, em torno de R$ 200,00 e uma revisão de 10.000 kms em torno de R$ 300,00, e mais a depreciação do veiculo no primeiro ano. Não há consenso entre os especialistas sobre este assunto, os valores giram em torno de 20 a 30%. Vamos supor o valor médio de 25%. A soma dos três últimos índices perfaz o assustador total de R$ 8.000,00.

Levando-se em conta que 50% do veiculo foi financiado para ser pago em 60 meses e supondo-se uma taxa de administração de 5% para os custos da financeira o montante financiado se eleva para R$ 16.250,00, supondo-se ainda uma taxa de juro de 0,934% ao mês, e um pagamento mensal de R$ 355,00. O pagamento do financiamento ao final de 5 anos será de R$ 21.300,00. Um acréscimo anual nos custos de R$ 1.010,00.

Computando as 4 parcelas finais anteriores, o custo no primeiro ano é de R$ 12.860,00, um custo mensal extra de R$ 1071,67 além do pagamento mensal do financiamento do veículo de R$ 355,00. Esta conta poucas pessoas fazem ao comprar um carro, este custo mais o pagamento mensal do financiamento pode representar um rombo nas contas do comprador e levá-lo à inadimplência e prejuízos ainda maiores.

Outro aspecto importante e que não vamos incluir neste exercício numérico é o custo dos impostos, pois um carro popular com o preço dado aqui paga em média 30% de impostos quando pisa na rua, o valor deste carro é então R$ 21.000,00 para o fabricante, que o e torna R$ 9.000,00 mais caro devido aos impostos.

Não é sem razão que economistas escrupulosos permeiam a nossa mídia falada, escrita e televisada recomendando a consumidores incautos como eu, as melhores opções para a compra. Sem dúvida que os encargos fiscais sobre os veículos, o congestionamento nas grandes cidades, o preço dos combustíveis e a baixa qualidade do transporte público serão um estimulo ou não para a compra de novos veículos.

Agora se com todo este custo embutido faz-se uma previsão de crescimento nas vendas de 15% para os veículos novos em 2010, imagine como cresceria a nossa indústria, se os custos não fossem tão grandes para o bolso dos consumidores. Agora você consumidor, que está pensando em comprar um veiculo ou qualquer bem durável, tome muito cuidado com a cilada dos números, faça as contas e veja se não é melhor poupar antes e comprar depois.

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 15/02/2010.