sábado, 25 de dezembro de 2010

Trinta anos sem Goiá.


Gerson Coutinho da Silva (o Goiá) nasceu em Coromandel das Minas Gerais em 11 de Janeiro de 1935, foi um dos compositores mais talentosos da música sertaneja de raiz (a chamada música caipira), seus versos extremamente poéticos, em geral falam da saudade que o homem simples do campo sente ao se afastar dos amigos e do rincão querido para ir morar lá longe na cidade grande.

Como exemplo podemos citar a música "Saudade de Minha Terra", em parceria com Belmonte, uma das composições mais conhecidas, uma de suas estrofes faz a rima: "Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas, Aos domingos ia, passear de canoa, Na linda lagoa de águas cristalinas." Suas letras eram recheadas de nostalgia, impregnadas da bela ingenuidade cabocla e das imagens do sertão brasileiro.

Sua vida foi marcada pela dicotomia entre o caipira e o sertanejo, onde o primeiro era aquele habitante do interior de conversa mansa e de poucas letras e o segundo era o articulado letrista com versos bem elaborados e linguajar impecável. Ao exaltar ao longo de toda a sua obra a saudade da terra natal, acabou por marcar de forma indelével o mapa da região como um dos férteis celeiros da música sertaneja de raiz do interior brasileiro, que tiveram também como membros os inesquecíveis Pena Branca e Xavantinho.

No próximo Janeiro de 2011, comemora-se 30 anos de seu desaparecimento, e no ano de 2010 foram comemorados os 75 anos de seu nascimento. Apesar de suas músicas serem gravadas ainda hoje com arranjos modernos, não se viu em praticamente nenhuma rádio da região qualquer movimento para comemorar essas datas. Seria muito nobre relembrar um homem que através da sua música colocou a região no mapa da música sertaneja brasileira.

Goiá faleceu em 20 de Janeiro de 1981, na cidade de Uberaba, e seu corpo transladado para sua Coromandel querida, nesse dia em sua recepção na terra querida, como sempre acontecia, não foiu saudado por rojões e muita música, mas por um enorme cortejo de carros e caminhões abarrotados por um grande número de fans entristecidos que seguiram o carro funerário até a igreja matriz, onde toda a cidade prestou a seu filho mais famoso as últimas homenagens. Foi enterrado na cidade e o seu túmulo contém somente as iniciais (GCS) onde ao lado há um pé de Cedro, plantado para sombrear sua última morada, um pedido feito em uma de suas mais de trezentas (300) composições.

Portanto é mais do que relevante que o rádio da região faça o seu papel para lembrar um homem que cantou os lindos rincões da terra querida. Suas músicas foram gravadas por cantores famosos como Zilo e Zalo, Milionário e José Rico, Xitãozinho e Xororó, Sérgio Reis, Ló Canhoto e Robertinho, Belmonte e Amaraí e tantos outros.

Esta mensagem é escrita para relembrar o ser humano e não esquecer sua passagem entre nós e que dedicado à sua família ao seu povo e à sua terra natal, deixou lindos versos que são popularmente reconhecidos como parte da verdadeira alma do interior das Minas Gerais. Esperamos que nos 30 anos do seu passamento, a mídia radiofônica de Uberlândia dedique ao menos um pequeno espaço para relembrar o cidadão Gerson Coutinho da Silva, o Goiá.

Prof.. José R. Camacho
UFU - Engenharia Elétrica
e.mail: jrcamacho@ufu.br