quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Uberlândia e a mobilidade urbana


A cidade de Uberlândia é um dos aglomerados urbanos de médio porte que mais cresce no Brasil. É a quarta maior cidade do interior do país. A população de Uberlândia em 1970 era de 126.112 habitantes; até 1980, ela praticamente dobrou de tamanho passando a uma população 83,64% maior, já em 2012 esta população é estimada em 619.536 habitantes. Ou seja, a cidade cresceu 4,91 vezes em 42 anos. Isso significa que, mantendo o mesmo ritmo de crescimento, irá aproximadamente mais do que dobrar (117%) de tamanho a cada dez anos.

É claro que, a partir de certo tamanho, a cidade não deve crescer na mesma proporção. Imaginemos que ela não cresça na mesma proporção e apena dobre de tamanho em mais dez anos sua população será de aproximadamente 1,2 milhões de habitantes. Senhor gestor, estaria a Prefeitura Municipal, traçando planos de longo prazo, para além das duas próximas administrações? Estaria o planejamento urbano da cidade preparando-se para os problemas de mobilidade que teremos com aproximadamente 600 mil veículos nas ruas de Uberlândia? Estaria o planejamento municipal preparado para modificar e adaptar à nova realidade o sistema de transporte de massa em nossa cidade?

É preciso que se instalem nas esferas federal, estadual e municipal as equipes de planejamento que irão pensar o país, o Estado e o município para daqui a dez anos em termos de mobilidade. Precisamos deixar de ser imediatistas e além de pensar no jacaré que está mordendo nossos calcanhares devemos pensar também em como enfrentar o dragão do crescimento acelerado que faz mais que dobrar a população a cada dez anos. É certo que esse crescimento poderá perder força, mas qual é a certeza que temos disso?
Uberlândia precisa com muita urgência das pesquisas sobre mobilidade urbana, detectar como e de que forma as pessoas se locomovem na cidade é de suma importância. O estimulo ao surgimento de centros comerciais e de serviços nas mais diversas regiões da cidade é muito importante para descongestionar o centro antigo da cidade, além de contribuir para o movimento das pessoas fique uniforme e não se concentre em uma única parte da cidade. Este efeito de polo único de atração em uma cidade faz com que aquela região fique congestionada e seja um obstáculo à movimentação de pessoas.

A hora de planejar os próximos dez anos é agora. Tem um dito popular que afirma que, no Brasil, longo prazo é um ano. É preciso mudar a cultura de deixar para a última hora, precisamos fazer planos com bastante antecedência para que nossos projetos fiquem bem amadurecidos pela opinião de especialistas e das pessoas que vão utilizar o sistema de transporte. Além de fundamentá-lo no sistema como ele é hoje e projetá-lo para enfrentar o crescimento futuro da cidade. A cidade de Uberlândia teve respeitáveis saltos no número de habitantes, a pequena cidade do interior em 1970 se transformou numa cidade que exige cada vez mais dos recursos públicos.

Estaremos preparados para locomover as pessoas com dignidade nesta cidade que terá 1,2 milhão de habitantes por volta de 2022? Recursos públicos estão sendo destinados ao estudo de sistemas de transporte inovadores? Será a população uberlandense capaz de se locomover melhor daqui a dez anos? Todas estas perguntas devem ser respondidas com muita pesquisa direcionada para as práticas de ir e vir das pessoas em nossa cidade. Estas respostas exigem soluções inovadoras. Estamos preparados para isso?

Publicado no Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia em 20/12/2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O mais novo super-herói brasileiro.



Acompanhando o que há de mais atual na mídia no Brasil é impossível deixar de relatar o surgimento do mais novo super-herói brasileiro. Ele como os super-heróis da “Marvel Comics”, usa uma capa preta, mas ao contrário destes não possui musculatura avantajada, a não ser quando flexiona os longos braços da lei. E ao contrário dos super-heróis sofre de horríveis dores na coluna quando fica muito tempo sentado o que o obrigam a ler longos pareceres muitas vezes de pé, posição em que as dores são mais suportáveis.

O homem, Ministro Joaquim Barbosa, de origem humilde e que segundo relato da mídia, amealhou todo esse poder sem dever favor a ninguém, ou seja, todo esse poder foi lhe dado, não pelo brilho verde da “kryptonita”, mas pelo lado limpo e bom da política brasileira, que viu nele uma pessoa dos mais altos princípios morais e éticos para ocupar um posto que muitas vezes decide, em instância final, sobre questões que afetarão diretamente a vida de todos os brasileiros.

Este, como alguns de nossos super-heróis, não deu a vida por uma causa, mas sim se baseia em sua consciência e no melhor de nossa legislação para separar o joio do trigo nos julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF). Homem corajoso que enfrenta os poderosos com retórica impecável e uma cultura esculpida com muito esforço e dedicação de quem teve uma infância humilde.

Aos 14 anos o ministro estudava no Colégio Estadual Antônio Carlos, na cidade de Paracatu, no noroeste de Minas Gerais, e não muito distante da capital federal. Onde agora dá lições a todos nós de patriotismo, seriedade e senso de justiça para com o bem público. Pois quando se pratica a corrupção, deixa-se de construir estradas, hospitais, escolas, diminuem os recursos para a segurança pública, e etc... Enfim perdemos todos nós que pagamos impostos religiosamente em dia.

Em respeito ao cidadão de bem, Sr. Ministro Joaquim Barbosa, o senhor é meu herói, em sua dificuldade de caminhar, nas dores que sente. Estas dores Sr. Ministro, todos nós gostaríamos de dividi-las com o Sr., para que não as sentisse e ocupasse também além da cadeira no STF a presidência do TSE, que o Sr. teve que recusar pelos ditos incontornáveis problemas de saúde e o árduo trabalho no tribunal. Expresso aqui minha admiração pela sua postura e sei que esta admiração eu divido com milhares, senão milhões de brasileiros. É para muitos políticos, não todos, muito difícil não ceder ao canto da sereia quando há tanto dinheiro e poder ao alcance da mão.

Mas pode ter certeza que o Sr. já ocupa lugar de destaque entre os grande brasileiros deste século XXI, pois está fazendo o que todos os jovens têm o sonho de fazer, mudar o curso da história, e em seus sonhos utópicos de adolescente, mudar o mundo. Como em “Super Homem a canção” de Gilberto Gil: “- Quem sabe Super-Homem venha nos restituir a glória, - Mudando como um Deus o curso da história....”.

Falo em nome dos jovens com quem tenho contato todos os dias. O Sr. passa a eles a esperança de um Brasil melhor, mais justo e mais sério. Que Deus o ilumine em sua caminhada pelos tortuosos corredores do poder e que faça justiça a todos que pagam seus impostos e desejam um Brasil melhor. V. Exa. dá a sua parcela de colaboração, e exemplo, pela posição que ocupa, para tornar o país melhor e mais honesto. Que Deus o abençoe e permita que o Sr. possa continuar em atividade por longos anos para o bem do nosso país e de nossa juventude esperançosa.

Publicado no Jornal Gazeta do Triângulo
Coluna Ponto de Vista
Data: 16/10/2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Professores não envelhecem?


Vocês já observaram que coisa engraçada? Professores não envelhecem. Ou melhor, eles não se conscientizam de que muito tempo já se passou, pois a passagem do tempo é uma das certezas que temos na vida. O professor passa dia após dia sempre com gente da mesma idade, a maioria deles jovens, com os hormônios em proporções corretas, e com muita vitalidade.

É comum, após alguns anos o professor se encontrar com os ex-alunos e ouvir o refrão: - Professor, o Sr. continua o mesmo, não envelhece? Talvez o segredo esteja mesmo na convivência diária com pessoas mais jovens que transpiram pelos poros o desejo de sucesso e de realização profissional. Estes bons fluídos fazem bem ao professor que absorve este entusiasmo e desejo de sucesso.

Existem algumas razões para o não envelhecimento intelectual do professor, pois ele precisa acompanhar a evolução do mundo. E observem bem como a evolução é rápida, ainda maior quando relacionada com as novas tecnologias. A leitura constante, a energia positiva que se absorve dos ambientes escolares é algo extremamente benéfico para a vitalidade de um velho professor que às vezes estica o contato com eles para sentir os bons fluídos que deles se desprende.

A convivência frequente com os estudantes costuma levar o professor ou a professora a ter à sua volta a cobiçada fonte da juventude, de onde extrai o néctar precioso da atualidade. Convive o professor com gente antenada no que há de mais novo, a necessidade de ler muito e de se manter sempre atualizado(a) contribui para isso. A ligeireza no pensamento, a leitura abundante e a retórica fácil são as verdadeiras fontes da juventude para o cérebro e para o corpo que muitas vezes já alquebrado não se desloca com a mesma agilidade.

Mas os jovens estão ali, e são eternos, bem como a fonte da juventude de onde o professor pode beber um pouquinho todos os dias, mantendo sua energia e ligado no que há de mais moderno para passar os seus ensinamentos e a experiência adquirida ao longo dos anos. Anos estes que teimam em ir se superpondo transformando a vida em uma sucessão de capítulos de uma história com sucessos e insucessos como em tantas outras profissões.

A convivência do dia a dia com os jovens, a necessidade constante de aperfeiçoamento profissional faz com que os professores tenham uma grande vantagem sobre os profissionais de outras áreas, que às vezes não tem tanto contato com a fonte da juventude.

É claro que ninguém consegue ignorar a passagem do tempo, os dias meses e anos se superpõe para todos, para uns com maior intensidade, para outros a intensidade é menor porque simplesmente não dão importância ao tempo, mas à qualidade com que este é gasto, e com a energia absorvida no dia a dia. A forma como se encara a vida também é muito importante, pois devemos tocá-la um dia após o outro sem estéreis preocupações com o que virá no futuro, pois o ser humano possui capacidade e inteligência para circunavegar problemas que são parte de nosso cotidiano.

É claro que planejar é importante, e uma boa estratégia para a vida nos ajuda da viver melhor. Todos nós envelhecemos, é verdade, a pele já não tem o mesmo viço, e surgem as rugas, as manchas na pele, aumentam as boas lembranças e já não se descrevem situações, mas conta-se histórias de tempos passados que não voltam mais. Surge a preocupação de que os atos finais desta peça teatral em que vivemos sejam cumpridos com dignidade.

Publicado em 11/10/2012 
Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Greve nas Universidades Federais, uma análise.



Uma análise superficial da greve dos professores das universidades federais:- O governo manobrou inteligentemente, os sindicatos não. O governo mandou uma proposta de reajuste para os próximos 3 anos, que devido à desunião da classe acabou colando. Talvez agora tenhamos conseguido esclarecer melhor a população sobre nossas reivindicações, que não são meramente salariais.

O governo no projeto de reajuste desconsidera que há uma inflação no país e a contempla em sua proposta. De quebra, cala a boca por 3 anos, de 2013 a 2015 de alguns sindicalistas incômodos. Não teremos greves de professores federais em 2013 e 2014, ano de Copa das Confederações e de Copa do Mundo, o país cheio de visitantes estrangeiros e com a mídia internacional pululando à nossa volta.

Em 2016, ano de Olimpíadas, as leis que regulamentam greves de funcionários públicos já estarão em vigor, e aí o governo poderá bater com força a marreta na bigorna. A Dona Dilma, descobriu que da “retórica das eleições”, até a “retórica das negociações” há uma distância muito grande, e deixou bem claro que quem tem o poder manda, obedece quem tem juízo. Prática que talvez tenha sido aprendida nos porões da ditadura.

A presidenta Dilma, não está aí para abrir saco de bondades, ela está aí para mostrar resultados e conseguir um segundo mandato, aumentando as chances de o PT permanecer no poder por seis mandatos consecutivos. Isso se Lula, o Oráculo do PT, tiver forças para tanto. Soma-se o fato que um Ministro da Educação conivente permite que discussões salariais, de sua esfera de mando, sejam decididas pelo Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Temos assim a receita para uma decisão puramente financeira ao invés de uma decisão estratégica para o fortalecimento da educação pública.

Mas me desculpem os meus colegas de profissão de mais de 30 anos. Fica a conclusão que quanto mais greves houver mais frágeis ficam as escolas públicas no Brasil. Dizem os especialistas que temos mais pedagogos do que gestores, e a escola no Brasil é um problema de gestão, de organização e de disciplina. É claro, professores com salários dignos em todos os níveis também faz parte da equação. Mas segundo os nossos patrões não é o mais importante. Tudo isso e inclusive a cizânia dos sindicatos não faz bem ao ensino público, não faz não.

Todos se arvoram como defensores da escola pública e gratuita para todos, e aí se instala a Torre de Babel, onde cada segmento puxa a sardinha para a sua brasa. Fecham os olhos para os outros componentes da equação. Componentes estes que são seus pares na oferta da educação pública

Parece que estamos indo para um fim de greve melancólico. É uma pena, pois ambos os lados, tanto governo e sindicato, com um pouco mais de humildade poderiam aprender muito um com o outro. As Universidades Federais estão em processo de consulta interna para eleger seus reitores para o próximo mandato. As greves se misturam com os desejos eleitorais dos sindicatos que nitidamente esticam greves para que não se faça uma discussão e consulta de alto nível para se eleger os futuros reitores.


Assusta-me a falta de preparo no Brasil na área de inteligência governamental para prever que essas greves poderiam se misturar com as consultas eleitorais. E afinal de contas como é que ficam a carreira, os salários e as aulas? A Torre de Babel vai continuar? Mais uma greve, quantas teremos todos nós em nossos currículos? Que deveríamos negociar salários e melhoria na carreira ano a ano eu não tenho dúvidas.

Publicado na coluna Opinião 
Jornal Gazeta do Triângulo
Data: 18/09/2012

sábado, 8 de setembro de 2012

Jogos Olímpicos, Paralímpicos e Copa do Mundo.


É tempo de esportes. Nos tempos que se seguem nosso país respira atividades esportivas. Afinal, em 2014 teremos uma Copa do Mundo, a segunda, após 64 anos da verdadeira catástrofe nacional do “Maracanazo” de 1950, quando fomos batidos pela valorosa “Celeste Olímpica” do minúsculo Uruguai. Em 2016 virão as Olimpíadas, e o que se espera é que em cada criança seja incutida a esperança de se tornar um herói Olímpico. Vão se multiplicar pelo Brasil os clubes e escolas incentivando o esporte para todas as idades e todos os esportes.

Quando se pensa em Olimpíada o que se espera é encontrar seu país bem posicionado no quadro de medalhas. Nas duas últimas olimpíadas de 2008 na China (3 medalhas de ouro, 4 de prata e 8 de bronze) e 2012 em Londres (3 medalhas de ouro, 5 de prata e 9 de bronze) o Brasil foi classificado respectivamente em vigésimo terceiro lugar na China e em vigésimo segundo lugar na Inglaterra. Nos 4 anos o Brasil evoluiu uma medalha de prata e uma de bronze, subindo uma posição no quadro geral de medalhas. Considerando que até o momento  de a Olimpíada ser confirmada em solo pátrio, o nosso país ainda não havia considerado a séria possibilidade de dar vida digna aos seus atletas, eles podem portanto ser considerados verdadeiros heróis pelos resultados obtidos.

Quando se sedia uma Olimpíada, se adquire o dever de sediar logo em seguida a Paraolimpíada, uma das competições mais belas que o homem já idealizou. Fazendo o mesmo comparativo feito acima para as Olimpíadas, concluo que o Brasil Paraolímpico é muito maior que o Brasil Olímpico. Na China em 2008 o Brasil faturou 15 medalhas de ouro, 17 medalhas de prata e 14 medalhas de bronze ficando na nona posição, até o momento em Londres, o Brasil já conquistou 10 medalhas de ouro, 7 medalhas de prata e 4 medalhas de bronze estando até o momento na sétima posição. Ou seja, nas Paraolimpíadas o Brasil se coloca em uma posição mais condizente com a de quinto maior país em extensão territorial e quinta maior economia do mundo civilizado.

Nas Paraolimpíadas, ganhamos o nosso Usain Bolt, nos 200 “metros para amputados”, o nome dele é Alan Fonteles, e competiu com Oscar Pistorius o lendário fundista amputado da África do Sul que vinha certo de levar mais uma medalha de ouro para casa. Numa arrancada fenomenal Alan, por alguns momentos, nos fez esquecer que estávamos assistindo a uma competição entre homens amputados das duas pernas. E percorrer 200 metros em pouco mais de 21 segundos e 45 centésimos é algo que muitos fundistas olímpicos de classe internacional não conseguem fazê-lo. Usain Bolt ganhou ouro nos 200 metros em Londres, correndo com suas próprias pernas, com um tempo de 19 segundos e 2 centésimos. Portanto a marca de Alan é algo fantástico, pois participar de uma corrida de fundo equilibrando-se sobre duas próteses, onde uma piscada lenta pode representar várias passadas dos adversários é algo fenomenal. Temos mais um herói nacional que sai do anonimato para dizer que o Brasil está presente e vai se colocar no lugar que merece no cenário Paralímpico mundial.

Parabéns aos atletas paralímpicos pelo que já fizeram até aqui e pelo que ainda farão. E espero que a humildade desses atletas inspirem os outros que vão participar, primeiro da Copa do Mundo de 2014 e depois das Olimpíadas de 2016. Esperamos mais deles, porque os atletas Paraolímpicos já estão fazendo com sobras o dever de casa.

Publicado na Coluna Ponto de Vista 
Jornal O Correio de Uberlândia 
Data: 16/09/2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

O culto ao Deus Mercado e o Ser Humano.

Ao ler um texto escrito por diretor de empresa ou acionista de uma grande corporação é comum encontrar várias referências ao Mercado, esse Deus que nos controla a todos. Adoradores do dinheiro multiplicam várias vezes seus ganhos enquanto milhões morrem no mundo por doença funcional ou por deterioração do meio ambiente. Não resta a menor dúvida que uma situação financeira saudável é importante, mas existe uma distância muito grande entre situação financeira saudável e a ganância desmedida demonstrada por certas corporações.

Esquecem-se as grandes corporações que elas não são feitas somente por bens materiais, dinheiro ou lucro. Mas mais do que isso, são habitadas por homens e mulheres que são os protagonistas de todas as ações. Não é possível esquecer que seres humanos também são seus clientes. Certa vez, assistindo à inauguração de um prédio dotado da mais alta tecnologia em uma universidade no exterior, o chefe do departamento, usando da palavra expressou o seu sentimento de agradecimento aos colegas e autoridades presentes por terem conseguido construir aquele maravilhoso edifício. Mas por outro lado manifestou o desejo de que ele pudesse ser preenchido por recursos humanos e por cérebros compatíveis com os novos recursos materiais.

A ganância pelo lucro desmedido leva grandes corporações e instituições a se desviarem dos seus objetivos sociais, e também do seu relacionamento com o cliente. Como é possível uma grande instituição quer seja governamental ou privada não possuir ou dar menos valor a um Departamento de Talentos Humanos e de relacionamento com as pessoas que são a razão de sua existência. Fala-se tanto no Deus Mercado que se esquecem do que ele realmente é composto. Ou seja, fazem parte dele pessoas que buscam o bem estar e respeito dentro de uma sociedade cada vez mais desumana e artificial. O importante não é o que é, mas o que parece ser.

Assistimos hoje o culto às finanças, no templo dedicado ao Deus Mercado, onde a medida é o que se tem, e não o que se é, onde se cultua a cobiça, onde a quantidade de ativos, o lucro e a usura são os maiores bens. Nesta religião o valor de cada um é medido pela capacidade de ter bens materiais e poder à custa do próximo. A legislação não é problema, pois esta pode ser modificada ao bel prazer de quem tem poder. A legislação pode ser manipulada, reescrita e violentada. O que importa é o Mercado, é preciso criar novas necessidades na população, construindo um ciclo de consumo que não tem fim e que passa a definir como progride a humanidade. Nesta religião não se tem nenhum escrúpulo, os crimes e as fraudes permeiam e passam a ser instrumentos de negócios que enlaçam grandes corporações, instituições governamentais e vai atingir de maneira desleal a parcela mais carente e fragilizada da população que paga impostos.

Os adoradores das finanças em larga escala esquecem-se das necessidades humanas e fazem pouco da virtude. Esta que está em decadência devido aos valores do Mercado, pois vida para eles só tem significado em proveito próprio. Para eles não existe algo maior como espírito comunitário, para eles a comunidade é para ser explorada, e de preferência com o mínimo esforço. O Deus verdadeiro que se condoa de nossas mazelas, só nos resta rezar a ele para ver se nos concede entre outros direitos a segurança comunitária, a segurança alimentar e saúde pública de qualidade.

Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Gazeta do Triângulo - 07, 08, 09/07/2012 

domingo, 24 de junho de 2012

Maritacas no meu quintal.


As maritacas (Aratinga leucophthalmus) de uns tempos para cá passaram a frequentar assiduamente o meu quintal. É uma ave típica do cerrado é um membro da família dos Psitacídeos ao qual pertencem as araras e os papagaios. Penso que se tornaram frequentadoras contumazes do meu quintal pela falta de ambiente natural, é comum vê-las por todos os lados na cidade, em fios de eletricidade e telefonia e se deslocando em bandos na maior algazarra.

O fato é que hoje existem depoimentos de pessoas sobre maritacas frequentando o centro da cidade de São Paulo, um fato preocupante? Estariam elas encontrando mais alimento na cidade do que no campo? Do que se alimentam as maritacas? A verdade é que as maritacas se alimentam de frutas e sementes, tais como o mamão, jabuticaba, amora, banana, uva e maçã, semente de girassol, macadâmia e etc... Pequenos cocos de palmeira nativa é a alimentação predileta destas aves, se alimentam também de brotos, folhas tenras e flores das plantas.

Com as frutas, sementes e pequenas palmeiras rareando nos campos não é de se estranhar que elas migrem para os poucos pomares existentes nas cidades, e ainda contam com a ajuda de certas pessoas que em adoração aos pássaros oferecem  frutas nas varandas das casas e dos prédios. Com a agricultura intensiva de soja e cana ocupando nossos campos, a extinção de palmeiras naturais e o pomar no meio rural cada vez mais raro, é natural que elas se desloquem para o ambiente urbano.

Alguns cidadãos na preocupação de dar sobrevida aos animais silvestres e pássaros plantam árvores frutíferas em espaços públicos nas cidades. Atitude louvável e que deveria ter o incentivo oficial, pois além das árvores frutíferas é preciso dotar as cidades, e toda a exploração econômica dos campos de corredores naturais para que os animais possam se deslocar livremente num espaço originalmente ocupado por eles, mas que nós homens vamos invadindo e explorando comercialmente. Voce já se perguntou quantos destes animais estarão circulando entre nós quando vierem os seus netos?

Por ocasião da reunião da ONU no Rio de Janeiro sobre meio ambiente e sustentabilidade é de se filosofar sobre até onde podemos ir na exploração ambiental. Tudo tem limites e a natureza pode estar dando sinais de que sua capacidade de absorver a exploração ambiental esteja chegando a um limite sem volta. Estes pequenos sinais dos animais, dos pássaros e das chuvas intensas durante o inverno podem estar sinalizando que modificações importantes estão ocorrendo no meio ambiente e da mesma forma como afetam a vida de animais e pássaros, afetam também a produção de alimentos e a nossa sobrevivência.

Parte da mídia alerta para o alarmismo contido nas previsões catastróficas de certas pesquisas científicas sobre clima e meio ambiente. Mas está comprovado que na questão brasileira, o aquecimento do norte do Brasil fatalmente afetará o regime de chuvas no resto do país. Basta para isso observar os pequenos sinais da natureza sobre as alterações ao nosso redor. Nunca choveu tanto no inverno, será isso uma alteração climática ou uma modificação natural cíclica que fará o clima retornar ao que era antes?


A natureza é sábia e os animais e pássaros guiados pelos seus instintos naturais sinalizam que a coisa não vai bem. Devemos todos ficar preocupados com estes pequenos sinais ou relaxar e aproveitar como se não existisse amanhã? 

Pulicado na Coluna Opinião
Correio de Uberlândia - Data: 28/06/2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Greve e Eleições na Universidade Federal.


Não é meu feitio discutir, política, futebol ou religião. Entretanto nota-se uma dupla efervescência política de grosso calibre na Universidade Federal de Uberlândia. A primeira diz respeito a reformas na política salarial e de carreira dos servidores federais, empurradas solenemente com a barriga pelo Ministério da Educação com a cumplicidade do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Este trabalho em conjunto para esfriar reivindicações de professores vem desde o final do governo Lula da Silva e se estende até os dias atuais no governo Dilma Roussef. A paciência se esgotou com a falta de respeito a uma classe que tem gente tão ou até mais qualificada que os ministros do Supremo Tribunal Federal e é a que tem a pior remuneração de todos os servidores federais. O discurso de comprometimento com a educação pública, portanto não se sustenta.

A segunda efervescência vem da eleição para Reitor, que deve estar decidida até Novembro deste ano, se agitam professores, funcionários e estudantes. Em contraponto com o marasmo nas salas de aula a universidade regurgita com a expectativa das eleições. Uns preocupados efetivamente com os rumos da Universidade, outros preocupados com os ganhos imediatos e vantagens e desvantagens pessoais da eleição deste ou daquele candidato. É legítimo e democrático que todos os membros da comunidade da Universidade discutam e argumentem à exaustão os prós e contras desta ou daquela chapa.

Não é democrático nem legitimo tentar tapar o sol com a peneira e passar por uma eleição sem que sejam discutidos os verdadeiros problemas da Universidade. A universidade tem sistemas arcaicos de licitação e de relacionamento com o comércio e a indústria da região que precisam ser modernizados, ela tem sérias dificuldades legais para transformar ideias em produtos, bem como prestar serviço à comunidade.

A universidade tem que estimular seus servidores a se aperfeiçoarem, independentemente se é professor ou não. A Universidade precisa de uma página na internet que seja um espelho do que realizamos aqui, e que possa ser lida por pessoas de quaisquer nacionalidades. Nossos estudantes que fazem uso de programas de mobilidade internacional têm sérias dificuldades ao serem avaliados com base em sua instituição de origem.

É lógico que existe uma distância entre o discurso e a prática, mas quando ambas estão muito distantes uma da outra é preciso que se encontre um grupo de pessoas que estejam em primeiro lugar preocupadas com o ônus e depois interessadas no bônus do cargo que ocupam. Cabe, portanto a todos os membros pertencentes aos três segmentos da comunidade universitária, docentes, discentes, e funcionários, buscar em primeiro lugar, não o candidato a reitor, mas a equipe de trabalho mais comprometida com um futuro melhor para esta Universidade.


É preciso que se misture o discurso ufanista do crescimento acelerado, mal planejado e com recursos incertos, com aquele ponderado e com os pés no chão com o conhecimento de causa dos problemas que acompanham por décadas as universidades. Quanto à greve, desejamos do fundo da alma que o governo pratique negociação com os professores que começam a achar que a educação é “bananeira que já deu cacho” e que venham as eleições sendo escolhido o melhor para a instituição.


Publicado na Coluna Opinião - Jornal: Gazeta do Triângulo
Data: 13/06/2012 - Quarta-feira

domingo, 27 de maio de 2012

VLTs para Uberlândia?


O VLT é o Veículo Leve sobre Trilhos, do inglês Light Rail, ou Metrô Leve, também chamado de metrô de superfície, é um tipo de trem urbano e suburbano de passageiros, cujo material rodante e estrutura é mais leve que aquela usada em sistemas de metrô, mas mais pesada que a do bonde.

Uberlândia hoje já ultrapassa os 600 mil habitantes e já se faz as contas de quando ela terá mais de um milhão de habitantes, quando se ultrapassa esta marca é preciso que o planejamento urbano esteja muitos anos há frente. Em recente reportagem deste diário, foi publicado que grande parcela de nossos trabalhadores já passa até meia hora dentro dos ônibus em nossa cidade para chegar ao trabalho.

A exemplo das grandes cidades do Brasil, que já tem os seus projetos de VLTs, é preciso começar a pensar neste projeto de longo prazo para nossa cidade que para ser efetivamente realizado deverá contar com a colaboração de vários prefeitos e de vários partidos políticos. Que tal começarmos a pensar esta infraestrutura desde já. É preciso reunir para isso um grupo de especialistas em diversas áreas do conhecimento para se decidir sobre o melhor trajeto e o melhor equipamento para ser usado em nossa cidade.

Os projetos de VLTs no Brasil são inúmeros, alguns se encontram em fase de construção e outros ainda nem saíram do papel. O de Brasília já está em construção, bem como o de Maceió, Alagoas, já em fase de testes. Existem projetos no litoral paulista, no ABC paulista, em São Paulo, todos se interligando e complementando o Metrô de São Paulo. O Rio de Janeiro também tem um projeto de VLT para complementar o Metrô, existem ainda projetos em Macaé e Nova Friburgo, cidades do interior do estado do Rio de Janeiro. Existe também o projeto do VLT do Cariri, no Ceará, entre Juazeiro do Norte e Crato, naquele estado.

É chegado o momento de se organizar grupo de trabalho que agregue especialistas em transporte público da Prefeitura Municipal e da Universidade Federal de Uberlândia, especialistas em transporte eletrificado para reunir ideias sobre a melhor forma de implantar este tipo de transporte em Uberlândia. É sabido que este tipo de transporte possui uma série de vantagens e desvantagens. Sendo que as desvantagens poderiam ser minimizadas pela participação nos anteprojetos de especialistas com vasta experiência neste tipo de transporte de diversas partes do mundo.

Na Europa já existem VLTs trafegando em cidades como Porto, em Portugal, Barcelona, Madri e Tenerife, na Espanha, Angers, Bordeaux, Grenoble, La Rochelle. Lê Mans, Lyon, Montpellier, Mulhouse, Nice, Orléans, Paris, Strasbourg, Toulouse e Valencienes, na França, e tantas outras.

Nos Estados Unidos, um país viciado em petróleo, é interessante observar quantas cidades implantam projetos de VLT. Alguns exemplos são: Salt Lake City, South Jersey, San Francisco, San Jose, San Diego, Tacoma, Oceanside, Seattle, Saint Louis, Saint Paul, Sacramento,  River Line, Philadelphia, Pittsburg, Pasadena, Portland, Phoenix, Newark, Minneapolis, Baltimore, Los Angeles, Houston, Denver, Dallas, Charlotte, Bufallo, Boston, Austin, e etc…

Com toda esta quantidade de projetos no Brasil e no exterior não será difícil encontrar especialistas dispostos a pensar um projeto de longo prazo para o transporte com VLTs em nossa cidade. Discutindo com colegas sobre o assunto descobri que estão dispostos a colaborar.

Este texto foi publicado na coluna Ponto de Vista do Jornal Correio de Uberlândia, no dia 26/05/2012.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Eles Precisam Trabalhar

A segurança pública em nosso país passa por uma situação no mínimo insólita, prendem-se e condenam-se os malfeitores, mas já não há mais lugar para que eles cumpram as penas impostas pela justiça. Situação ainda mais grave se configura quando estes apenados encontram lugares em nossas instalações penitenciárias para cumprir suas penas e lá são jogados sem nenhum programa de reeducação para a sociedade. São esquecidos pela sociedade, e por lá ficam de férias em má companhia, parece-nos óbvio que esta é uma receita para o caos. Eles no mínimo precisam fazer alguma coisa para ressarcir em parte o que o Estado gasta com a sua manutenção.

A justiça em nosso país além de sustentar esses malfeitores no ócio a expensas de uma sociedade que cada vez paga mais impostos ainda paga a bolsa reclusão para as suas famílias. Sob essa ótica fica difícil achar justo que ainda se pague uma bolsa reclusão para as famílias dos apenados, como compensação pelo fato de eles estarem presos e a família perder o suporte do recluso. Ora, para existir este tipo de recompensa é preciso que o recluso, com o seu trabalho, faça por merecer o recebimento deste benefício. É fácil observar que existe espaço para a utilização desta mão de obra ociosa existente em nossos presídios.

A quantidade de pequenos serviços é tão grande em nossa cidade, que se retiraria grande parte dos apenados do sistema penitenciário para executarem tais obras, trabalharem ao ar livre, retirando-os do ambiente de ócio e de superpopulação de nossas instituições penitenciárias. Muitas de nossas penitenciárias sobrecarregadas não passam de verdadeiros depósitos de lixo com instalações em ruínas como mostra a mídia todos os dias.

Talvez não seja tão simples fazer isso do dia para a noite, mas é preciso tomar medidas para que nossos apenados não sejam tratados como lixo. Como é possível recuperar alguém com um tratamento deste quilate. Não é possível se esperar que estas pessoas tratadas desta forma retornem para o nosso convívio sem sérias sequelas comportamentais que o transformam em uma bomba relógio ao sair da prisão. É preciso ser firme com o cumprimento da pena, mas é preciso dar-lhes a oportunidade de vislumbrarem a possibilidade de se reintegrarem ao nosso convívio.

Observa-se aqui e ali em nosso país, tímidas medidas de reintegração à sociedade pelo trabalho, mas é preciso que nossa legislação penitenciária transforme em obrigação do apenado dedicar seu tempo ao trabalho em prol de toda a sociedade. Não é possível que alguém possa passar os sete dias da semana e as vinte e quatro horas do dia sem fazer nada, olhando para as paredes e teto de um cubículo de alguns metros quadrados sem pensar no que de melhor sabem fazer. Diz o ditado: “Cabeça ociosa, oficina do diabo”.


Portanto, pede-se aos nossos legisladores e às autoridades judiciárias que soltam e mandam prender, que deem trabalho aos que tem dívida com a sociedade, minimizando assim a injustiça de terem abrigo e alimento fornecido pelo estado sem a correspondente contrapartida de serviço dedicado ao progresso de nossas comunidades. Que tal criarmos programas deste tipo por aqui? Fica aí a sugestão deste cidadão leigo para os nossos especialistas.


Publicado na coluna Ponto de Vista.
Correio de Uberlandia
Data: 16/04/2012

terça-feira, 6 de março de 2012

Acontece na China ou vem de lá.

Nesta última década, e após a reunificação Hong-Kong tornou-se o enclave capitalista da China Comunista, este país mostra uma avidez sem par às maravilhas do capitalismo, não sem antes dividir parcos salários com os companheiros trabalhadores comunistas. Desta forma até o capitalismo passa a gostar do comunismo. O conceito atual da China parece ser: as benesses do capitalismo selvagem para os empresários e salários aviltantes para os trabalhadores comunistas, e ai de quem abrir a boca para protestar.

Por incrível que pareça esta abordagem está servindo de modelo para todo o empresariado do mundo, haja vista que hoje tudo acontece na China, todos os empresários querem ter filiais na China, outros mais ousados transferem suas matrizes para lá. Equipamentos eletrônicos são todos fabricados na China, e se não o são, todos os componentes vem de lá.  O salário médio de um trabalhador especializado na China não chega a R$ 5,00 a hora. Isso explica em muito a atração do capitalismo pelo comunismo chinês. Onde um empresário encontraria um trabalhador especializado disposto a trabalhar 60 horas por semana e ganhar cerca de R$ 1.200,00 por mês?

Esse parece ser hoje o paraíso do empresariado mundial, salários aviltantes com o mesmo mercado comprador ansioso por produtos com o menor preço possível. Tanto isso é verdade que o empresariado brasileiro de setores como roupas e calçados sofre amargamente com a concorrência desleal chinesa. Brechas na legislação brasileira permitem que os produtos chineses cheguem ao nosso país mais barato do que os fabricados aqui. Tanto é que o governo já investiga e anuncia mecanismos de proteção à indústria nacional.

Os chineses até já criaram uma nova jurisprudência mundial no que tange às relações entre empresa e estado, nenhuma empresa se instala em lugar nenhum se não tiver do estado estratosféricas isenções de impostos. Basta observar o que aconteceu nas negociações da Taiwanesa FOXCONN com o governo do Estado de São Paulo para a fabricação do Iphone e do Ipad. O Ipad até hoje não começou a ser fabricado por que incentivos fiscais ainda não foram definidos pelo estado vizinho. Mas quem imagina que esta enorme quantidade de incentivos vai fazer o preço destes aparelhos despencarem pode estar redondamente enganado. Então qual a vantagem que o consumidor tem com isso, nenhuma? O único bônus seria o “marketing” do governo por estar gerando empregos de alta tecnologia?

Tudo caminha lentamente, devido a empresa enfrentar problemas para produzir seus equipamentos com os prometidos incentivos previstos na medida provisória 534, esta medida enquadra os tablets na lei 11.197/95, prevendo isenção de PIS/Cofins ainda com redução de IPI de 15% para 3%. Uma empresa estrangeira chega ao Brasil e o país curva-se à guerra fiscal internacional para que nossos trabalhadores tenham emprego? Será que os melhores empregos nestas empresas serão de brasileiros? Estaria a China fixando novos padrões para os impostos pagos pela indústria e para os salários pagos aos trabalhadores ao redor do mundo? O futuro dirá quem tem razão.

Com o descrédito econômico de muitos governos de peso ao redor do mundo; é de se pensar que o ambiente está propício para que grandes corporações comecem a sonhar que são mais competentes do que quem está governo. Isso daria mais algumas linhas de prosa.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Volta às aulas.

Dedico este texto a alguns dos meus professores, alguns deles meus colegas, pelos quais tenho o mais profundo afeto e gratidão pelos valores que me passaram.

A volta às aulas é sempre um momento muito poético. É a renovação do novo ano e a indicação de que a cada ano sempre existe um recomeço. Observando uma escola pública em um bairro periférico de Uberlândia vejo crianças de todas as idades com seus uniformes, e bolsas de todos os tipos. Olhares ávidos de um mundo a descobrir, a utopia do mundo perfeito a ser construído. Mas o que temos a lhes oferecer? O mundo real que fabricamos no dia a dia. O mundo real está dentro das salas de aula. Será que a vida da escola é algo tão poético como a volta às aulas?

Não dá para trancar a realidade do lado de fora da escola. É preciso que muitos recursos cheguem a ela sem se esvair pelo caminho. É preciso que as escolas sejam tratadas como as nossas religiões tratam as nossas igrejas. Com o respeito de locais sagrados que não podem ser conspurcados pela droga, pelo crime e pela corrupção. Não podem ser invadidos ou depredados. Fala-se muito na valorização do professor, faz-se muito pouco verdadeiramente. É preciso agir, é preciso colaborar, é preciso que cada um faça a sua parte. Todos nós, e os poderes públicos também.

E a pequena escola pública de periferia que não tem uma quadra de esportes, que não tem uma biblioteca e nem um laboratório para explicar até mesmo fenômenos simples que ocorrem no dia a dia das nossas cozinhas. Ah, aquela escolinha nos limites urbanos da cidade insiste em sobreviver. O professor brasileiro não desiste, tem uma criatividade do tamanho do mundo que o cerca.

Existindo um teto, um quadro negro para se escrever e surradas carteiras desconfortáveis para os alunos sentarem, lá estará o professor acompanhando seus discípulos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Não vamos falar aqui de salários, de números, pois para que hoje um professor de primeiro e segundo graus tenha uma parca remuneração é preciso trabalhar 40 horas por semana em pé na frente dos alunos.

Isso é impossível senhor gestor público. Se o professor fizer isso ele vai levar trabalho para casa nos finais de semana, noites e feriados. Vai ter que deixar de ter família e será um monge dedicado à tarefa de ensinar. Está aí explicado porque nossos jovens não encaram a profissão de professor como algo sério. É um bico para se galgar uma próxima etapa. Ninguém quer passar a vida toda recebendo migalhas, e ponto final. Todo jovem sonha em ser um alto executivo de empresa com salário milionário. Não um professor.

O jovem está certo, ele quer ter condições financeiras de poder se informar, viajar, conhecer o mundo, e se aculturar. Conta a lenda que o único profissional japonês que não se curva na presença do imperador é o professor, isto é lá no Japão, aqui na nossa terra o professor é respeitado da boca para fora, como no livro de Joelmir Beting, “Na prática a teoria é outra”.

E a poética da volta às aulas, os nossos jovens a deixam para os livros de poesia e para textos saudosos como este que aqui escrevo. De uma época em que se amarrava cachorro com linguiça, e que crack entre as crianças só podia ser aquele menino bom de bola no recreio. Nessa época o professor usava terno, tinha dignidade e o respeito da sociedade, pois professor é como pai e mãe, todo mundo teve pelo menos um na vida por quem guardasse grande admiração e respeito.


Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 17/02/2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Chumbo, Enxofre e Vida.

Hoje o maior objetivo de todo empreendimento é provar ser amigável com o meio ambiente. Provar que uma atividade é sustentável faz com que o “marketing” de determinado produto seja visto com bons olhos por consumidores atentos.
Esta atenção deve se voltar para todos os produtos que consumimos em nosso dia a dia, e principalmente com aqueles que são imprescindíveis para o funcionamento do mundo como o temos hoje. Um grupo desses produtos são os combustíveis fósseis que movimentam aviões, veículos de passeio e transporte pesado em nosso país.

Dois produtos que chamam a atenção em nosso país pelo tratamento diferenciado em relação ao resto do mundo são a gasolina e o óleo diesel, combustíveis que movimentam grande parte da nossa frota automotora. A nossa gasolina automotora aditivada com álcool, é mais limpa e segura, enquanto a gasolina aeronáutica utiliza o chumbo, um componente altamente poluente, que impregna turbinas e motores exigindo manutenções mais frequentes nas aeronaves. O chumbo pode contaminar de forma irreversível todos os organismos vivos, entre eles é claro, o ser humano.

Os veículos pesados utilizam o diesel, um combustível que apresenta um componente poluidor bastante nocivo ao meio ambiente que é o enxofre, resultado da combustão do diesel que é liberado junto com os gases de escape. O enxofre quando liberado combina com a umidade da água e o oxigênio presentes na atmosfera para formar o ácido sulfúrico, retornando a terra sobre a forma de chuva ácida, elemento altamente corrosivo que produz enormes danos à agricultura e construções.

Passagens bíblicas relatam o apocalipse como o fim dos tempos com muito sofrimento, contaminação por chumbo e chuvas de enxofre. Como podemos observar se negligenciarmos o nosso planeta, dentro de muito pouco tempo estaremos muito próximos disso. Basta observar as dramáticas transformações climáticas que estamos observando em espaço tão curto de tempo. Chuvas que fazem trasbordar rios e deslizar montanhas e a cada ano ficam cada vez mais pesadas e com maior volume de água.

Urge, portanto que modifiquemos o nosso sistema de transporte pesado todo baseado em caminhões movidos a óleo diesel, para um sistema ferroviário eletrificado mais adaptado ao transporte de grandes cargas e com menor impacto sobre o meio ambiente. No que diz respeito ao sistema de transporte, o tráfego de grandes caminhões, cada vez maiores, mais velozes e recheados de tecnologia evoluem e se modernizam a uma velocidade muito maior que nossas rodovias; sendo que muitas delas não estão preparadas para veículos de tais dimensões.

Os acidentes com esses veículos são cada vez mais violentos e mais destruidores, ocasionando cada vez mais mortes, fazendo-nos pensar que algo precisa ser feito na legislação para que tais veículos tenham o tamanho e a carga limitados, e que não se permita que esses veículos de transporte de tamanho ilimitado possam continuar trafegando livremente pelas estradas de nosso país.

Muita dessas estradas, ainda em pista simples, em que o vaivém de caminhões enormes se transforma em uma roleta russa, onde um acidente de grandes proporções está sempre à espreita. Pois basta um motorista cansado, após horas e horas na boleia em um infindável percurso de mais de doze horas diárias de trabalho, para fazer com que mais uma tragédia apareça nos telejornais diários. É simplesmente mais uma notícia, vira tragédia quando acontece com a gente ou com alguém muito próximo.


Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 21/01/2012