Em nossa sociedade consumista e individualista a vida em comunidade sempre ficou para o segundo plano. A regra é: - Se estou me dando bem o vizinho que se lixe. Para se ter certeza que e a nossa vida comunitária é de péssima qualidade é só observar o quanto a sociedade se organiza para pleitear seus direitos junto aos nossos dirigentes municipais, estaduais e federais. O nível de organização de nossa sociedade é pequeno, não temos sequer uma política de segurança de vizinhança, ou seja, voltada para o entorno de nossas residências.
O que dizer então da mobilidade urbana. A dificuldade em
nossa cidade de se locomover para o centro da cidade de um bairro populoso e distante
como por exemplo o Luizote de Freitas é enorme, e se resume à poucas
alternativas, algumas delas caríssimas, como o taxi e o veiculo próprio, outras
não tão caras como o transporte coletivo, e outras de muito baixo custo que são
a pé ou de bicicleta. Que em nossa cidade, devido à distância e a inexistência
de ciclovias são opções praticamente descartadas pelo cidadão comum.
Há um movimento em nossa cidade pelo transporte coletivo
gratuito. Que seria pago pela contribuição de todos os cidadãos, tanto os que
usam como os que não usam o transporte coletivo. Existem várias formas de se
tornar o transporte coletivo mais barato. Uma fórmula interessante seria criar
um fundo pago pelas empresas situadas em nossa cidade, que seriam dedutíveis
dos impostos pagos ao município em benefício da criação de ciclovias e de um
transporte coletivo de melhor qualidade para todos os cidadãos.
É preciso também modernizar o transporte através do
estabelecimento pela Prefeitura Municipal de metas de qualidade e de modernização
para as empresas que lucram com o transporte de pessoas em nosso município. Não
é possível que a população continue a viajar nas próximas décadas dentro da
cidade em ruidosos veículos movidos a motores de combustão interna e de baixa
acessibilidade. Este tipo de transporte era moderno no início da década de 70
quando começou a ser implantado em Curitiba.
Vamos priorizar BRTs em Uberlândia quase 45 anos depois? Já
não é hora de pensarmos em algo mais moderno como as silenciosas linhas de um metrô
leve de superfície realmente eficientes e que atendam as necessidades da
população? Chegou em minhas mãos um mapa de Uberlândia com o esboço de duas
linhas para nosso metrô leve de superfície. Uma das restrições de se fazer a tal
projeto é de não mexer com os lucrativos corredores de BRTs que já estavam com
seu projeto prometido para as permissionárias de serviço de transporte coletivo
da cidade.
Resultado, o que sobrou para o trajeto de nosso VLT (veiculo
leve sobre trilhos) foram duas linhas que não tinham interesse das grandes
empresas de ônibus da cidade. O trajeto inicial do VLT ao invés de ser uma
grande cruz percorrendo as grandes avenidas de Uberlândia de Norte a Sul e de
Leste a Oeste, transformou-se em um "Frankenstein" com duas linhas
que começam e terminam praticamente no mesmo lugar e que atende os interesses
das empresas de transporte coletivo e não os da população laboriosa de nossa
cidade.
Pasmem os senhores leitores que as Avenidas João
Naves de Ávila e Monsenhor Eduardo, antigo leito da Estrada de Ferro Mogiana e
com inclinação adequada para trens, continuará sendo servida pelo menos nos
próximos cinquenta anos por veículos movidos a ruidosos motores de combustão
interna e com baixo nível de acessibilidade. Este é planejamento futuro que
queremos para Uberlândia?
Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 27/02/2015
Republicado em 03/10/2015
Republicado em 03/10/2015