sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Aeroporto de Uberlândia.

O nosso aeroporto hoje apresenta índices estatísticos que impressionam. Serve a uma cidade que tem uma população estimada em 650 mil habitantes. Consultando os dados estatísticos do INFRAERO observa-se que o mesmo apresentou um movimento operacional em 2008 de mais de 20 mil aeronaves e um movimento de mais de 500 mil passageiros. Nosso aeroporto está instalado num prédio de passageiros com somente 35 x 75 metros, e possui somente uma esteira para desembarque. O que torna caótico o desembarque simultâneo de duas aeronaves de grande porte.
Deve-se ainda levar em conta que o nosso aeroporto não conta com o ILS (Instrument Landing System) para ajudar nos pousos sob condições de baixa visibilidade, teto baixo, neblina e sob condições meteorológicas adversas. O que muitas vezes gera transtornos para passageiros e companhias aéreas. Os aeroportos mais próximos são o de Uberaba a 110 kms, o Aeroporto de Ribeirão Preto a 280 kms. Dois aeroportos cujas instalações também deixam muito a desejar, levando-se em conta a importância econômica da região. Aeroportos melhores são o de Goiânia e Brasília que estão a aproximadamente 400 kms e Belo Horizonte a mais de 600 kms.
Levando-se em conta estes números e o acanhado edifício em que está instalado o Aeroporto Ten. Cel. Aviador Cezar Bombonato, que apesar de ter sido objeto de uma reforma há pouco tempo atrás ainda continua muito pequeno. Nossas autoridades precisam levar esses números para os órgãos de planejamento aeroviário brasileiro e pedir que comparem as facilidades oferecidas pelo nosso aeroporto e por outro Aeroporto de mesmo porte como o Lauro Carneiro de Loyola em Joinville, por exemplo.
Aquela cidade possui uma população de mais de 500 mil habitantes, seu aeroporto recebeu em 2008 mais de 6 mil aeronaves com um movimento de mais de 700 mil passageiros. Observa-se que ambas as cidades são muito semelhantes, mas ao se comparar as instalações de ambos os aeroportos, quanta diferença. O aeroporto daquela cidade possui instalações modernas construídas em 2004, possui um edifício de passageiros de dois pavimentos com 4 mil metros quadrados que foi entregue há somente 5 anos, e que conta ainda com ponte móvel de embarque e desembarque. Este aeroporto dista 163 kms do Aeroporto Internacional de Florianópolis, 75 kms do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder em Navegantes e 130 kms do Aeroporto Internacional Afonso Pena em Curitiba.
Na questão aeroportuária percebe-se um total despreparo para o futuro que se avizinha, teremos uma Copa do Mundo em mais 4 anos e uma Olimpíada em mais 6 anos, e a questão que fica: Estaria Uberlândia inserida nos planos de melhoria do transporte aeroviário da próxima década no Brasil? Que planos são esses?
É chegada a hora de Uberlândia reivindicar, a partir de 2010, uma melhoria substancial em nosso aeroporto, para que tenhamos instalações que sejam condizentes com o tamanho da cidade e o progresso da região. Seguindo essa linha de raciocínio, observando outras cidades como Londrina, PR, Caxias do Sul, RS, e seus aeroportos, fica difícil descobrir quais são os critérios técnicos utilizados pelo INFRAERO para definir melhorias em aeroportos.

Publicado no Jornal "Correio de Uberlândia" na sexta-feira, 15/01/2010.

sábado, 2 de janeiro de 2010

E se Lula fosse ferroviário?

Esta é uma reflexão sobre o transporte de carga no Brasil. Estaria Lula orgulhoso do que o Brasil tem feito com o transporte de carga em nosso país se ao invés de metalúrgico ele fosse um ferroviário? Creio que não há motivo para os ferroviários e ex-ferroviários elogiarem este governo e os governos em passado próximo e distante. Nossas ferrovias agonizam, enferruja a nossa história em pátios ferroviários pelo Brasil, basta fazer uma visita às importantes cidades que no passado viviam do transbordo de cargas e passageiros em nossas outrora movimentadas ferrovias.
    As ferrovias brasileiras começaram a surgir no Brasil com Dom Pedro II em 1854 com sua Estrada de Ferro Leopoldina, elas possuem hoje 29.798 de linhas trafegáveis, dos quais 10.000 km foram construídos pelo próprio imperador, uma extensão pífia para um país de dimensões continentais como o nosso, boa parte da malha ferroviária concentra-se em três estados: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Apesar de um custo fixo de implantação e manutenção elevado, o transporte ferroviário apresenta uma grande eficiência energética e baixo impacto ambiental, principalmente as ferrovias eletrificadas. Mesmo em processo de continuo sucateamento desde a era Getúlio Vargas, no Brasil o transporte sobre trilhos representa aproximadamente 19,46% da matriz de cargas e 1,73% da matriz de passageiros, incluindo transporte por metrô.
    O Brasil a partir da década de 60 do século passado concentrou seus esforços na construção de uma malha rodoviária mais ágil e eficiente, a questão é que as rodovias encarecem o transporte de carga, principalmente para grandes volumes e grandes distâncias. Sem mencionar o fato que faltam bons trens de passageiros, que liguem as maiores cidades entre si, para que possamos explorar com linhas de turismo em sua total plenitude as nossas belezas naturais. Imagine o potencial turístico de uma linha ferroviária de passageiros entre Aracaju e Fortaleza pelo litoral.
    Se comparada com a malha rodoviária que hoje possui cerca de 155.000 km, percebe-se a diferença gritante em extensão entre ambas. Perguntas que não querem calar são: Porque o Brasil se esqueceu das ferrovias? Elas não são lucrativas? Um programa de estimulo às ferrovias hoje, com a mesma visão estratégica que Juscelino Kubitschek de Oliveira teve para com a industria automobilística na década de 60, seria de uma importância capital para um país tão grande que não quer mais dormir em berço esplêndido.
    Estamos na era dos trens de alta velocidade, na Europa e na Ásia trens trafegam a mais de 400 kms por hora, sem mencionar que as tecnologias atuais permitem que os trens de levitação magnética se elevem sobre os trilhos e atinjam velocidades que ultrapassam os inimagináveis 700 kms/h. Desta forma seria possível percorrer a distancia entre São Paulo e o Rio de Janeiro em menos de uma hora e meia de viagem. O que permitiria mais uma opção de transporte entre estas duas cidades que já possuem o sistema rodoviário e aeroviário por demais congestionados. 
     O Brasil um gigante rodoviário, precisa se transformar também em gigante ferroviário, com uma malha que interligue as diversas regiões do país, propiciando maior facilidade ao transporte intermodal com sua total integração ao sistema de transporte do país. Esta é a hora de se cobrar da nossa classe política um grande plano ferroviário para o Brasil.

Publicado no Jornal "Gazeta do Triângulo" de Araguari na quinta-feira, 14/01/2010.