Uma característica marcante em nossa tradição
política nas eleições presidenciais é a falta de programa claro dos candidatos presidenciáveis
e com maiores chances de chegar ao poder. Juscelino Kubitschek de Oliveira foi endeusado
e tinha um único plano "Interiorizar a capital do Brasil", com todas
as mazelas de um projeto deste porte.
Os nossos candidatos também tem propostas
mirabolantes. Um deles vai acabar com o problema da saúde em seu primeiro
mandato. O outro no primeiro ano de governo vai resolver os problemas da
educação e os pobres não pagarão mais impostos. Enquanto isso a velhinha de Taubaté
se revira no túmulo. A candidata presidenta não menciona a crise em que estamos
adentrando.
Grandes empresas do interior de São Paulo, mais
precisamente na região de Ribeirão Preto estão demitindo empregados às
centenas. A secretária de um sindicato se queixava de tendinite no braço
direito devido ao preenchimento de rescisões de contrato de trabalho. Ela já teria
preenchido num prazo de dois meses mais de seiscentas e assustada com a fila de
demitidos à porta do sindicato tinha ainda mais umas trezentas para preencher.
Será que o Partido dos Trabalhadores está realmente
preocupado com o que acontece com os trabalhadores em nosso país? Será que o
candidato do PSDB vai tratar a opinião pública brasileira como a tratou em seu
estado de origem? E com os trocados que amealhou com a economia no salário das pobres
professorinhas construiu um centro administrativo de primeiro mundo. Mas os
professores de seu estado continuam recebendo salários de terceiro mundo.
Já que estão todos tratando dos seus interesses,
que tal os eleitores também se preocuparem com seus interesses e pedirem aos
seus sindicatos para sabatinarem esses candidatos sobre seus planos para a
educação, saúde e justiça no Brasil. Mais uma vez vamos votar no menos pior?
Quem será o menos pior? Será a candidata da situação que nos deu reajuste menor
que a inflação corrente nos últimos três anos? Será que é o candidato da
oposição? Para ele fazer economia é sonegar reajuste e enxugar a máquina do
estado.
Ou será que é a candidata da terceira via? Que não
sabe que uma termelétrica é feita para gerar energia de forma contínua e que
sem gerar energia produz despesa das grandes para o estado. Além disso, as
termelétricas não são mais o problema ambiental que era há décadas atrás. Será
que os candidatos sabem que a biomassa da cana de açúcar está sendo
subutilizada na produção de energia elétrica. Montanhas de bagaço de cana se
acumulam na região de Ribeirão Preto sem incentivos governamentais para o seu
pleno aproveitamento em um período de falta d’água e com reservatórios de
hidroelétricas incrivelmente deplecionados, a ponto de colocar em risco a
produção de energia firme para o atendimento dos consumidores nos horários de
maior demanda.
A falta de programa de nossos candidatos é
marcante, e parece que vão criando metas a partir de uma desordenada grita dos
eleitores e da mídia, o que só produz desconfiança, soma-se a isso um período
de propaganda eleitoral que serve mais para criar factoides do que criar
oportunidade de informar os eleitores sobre quem é o mais capacitado. A nós
eleitores só resta esperar a poeira baixar e votar no menos pior.
Publicado no Jornal Correio de Uberlândia
Coluna Ponto de Vista
Data: 26/08/2014