sábado, 30 de agosto de 2014

Os eleitores e a política.

Uma característica marcante em nossa tradição política nas eleições presidenciais é a falta de programa claro dos candidatos presidenciáveis e com maiores chances de chegar ao poder. Juscelino Kubitschek de Oliveira foi endeusado e tinha um único plano "Interiorizar a capital do Brasil", com todas as mazelas de um projeto deste porte.

Os nossos candidatos também tem propostas mirabolantes. Um deles vai acabar com o problema da saúde em seu primeiro mandato. O outro no primeiro ano de governo vai resolver os problemas da educação e os pobres não pagarão mais impostos. Enquanto isso a velhinha de Taubaté se revira no túmulo. A candidata presidenta não menciona a crise em que estamos adentrando.

Grandes empresas do interior de São Paulo, mais precisamente na região de Ribeirão Preto estão demitindo empregados às centenas. A secretária de um sindicato se queixava de tendinite no braço direito devido ao preenchimento de rescisões de contrato de trabalho. Ela já teria preenchido num prazo de dois meses mais de seiscentas e assustada com a fila de demitidos à porta do sindicato tinha ainda mais umas trezentas para preencher.

Será que o Partido dos Trabalhadores está realmente preocupado com o que acontece com os trabalhadores em nosso país? Será que o candidato do PSDB vai tratar a opinião pública brasileira como a tratou em seu estado de origem? E com os trocados que amealhou com a economia no salário das pobres professorinhas construiu um centro administrativo de primeiro mundo. Mas os professores de seu estado continuam recebendo salários de terceiro mundo.

Já que estão todos tratando dos seus interesses, que tal os eleitores também se preocuparem com seus interesses e pedirem aos seus sindicatos para sabatinarem esses candidatos sobre seus planos para a educação, saúde e justiça no Brasil. Mais uma vez vamos votar no menos pior? Quem será o menos pior? Será a candidata da situação que nos deu reajuste menor que a inflação corrente nos últimos três anos? Será que é o candidato da oposição? Para ele fazer economia é sonegar reajuste e enxugar a máquina do estado.

Ou será que é a candidata da terceira via? Que não sabe que uma termelétrica é feita para gerar energia de forma contínua e que sem gerar energia produz despesa das grandes para o estado. Além disso, as termelétricas não são mais o problema ambiental que era há décadas atrás. Será que os candidatos sabem que a biomassa da cana de açúcar está sendo subutilizada na produção de energia elétrica. Montanhas de bagaço de cana se acumulam na região de Ribeirão Preto sem incentivos governamentais para o seu pleno aproveitamento em um período de falta d’água e com reservatórios de hidroelétricas incrivelmente deplecionados, a ponto de colocar em risco a produção de energia firme para o atendimento dos consumidores nos horários de maior demanda.

A falta de programa de nossos candidatos é marcante, e parece que vão criando metas a partir de uma desordenada grita dos eleitores e da mídia, o que só produz desconfiança, soma-se a isso um período de propaganda eleitoral que serve mais para criar factoides do que criar oportunidade de informar os eleitores sobre quem é o mais capacitado. A nós eleitores só resta esperar a poeira baixar e votar no menos pior.

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia
Coluna Ponto de Vista
Data: 26/08/2014