sábado, 16 de março de 2019

A Tabela do Imposto de Renda e a Tributação


O atual governo já anuncia através da mídia escrita que o orçamento proposto para 2019 não prevê correção inflacionária na tabela do Imposto de Renda, segundo o Sindifisco, desde 1996 esta tabela já tem uma defasagem de 95,44%. Levando-se em conta a inflação de 3,7% em 2018, índice oficial já divulgado pelo IBGE.

A correção da tabela do Imposto de Renda teria um impacto nos contracheques de trabalhadores que ganham acima de R$ 1903,98 por mês, a atual faixa de isenção do imposto de renda. Porque advogar uma diminuição no imposto num momento em que o país sofre, devido à crise, uma redução na arrecadação de impostos?

Uma correção na tabela, reduziria de aproximadamente 50% o desconto do Imposto de Renda nos contracheques dos trabalhadores, uma redução na arrecadação em troca de mais dinheiro no bolso do trabalhador para gastar mais, estimular novos projetos familiares e ajudar a reativar a economia. Interessante que nenhum governo faz um estudo sobre o quanto a redução de impostos contribuiria para ajudar a reativar a economia.

Segundo a Teoria Econômica baseada na Curva de Lafer, essa curva mostra que sucessivos aumentos de impostos não necessariamente podem representar aumento da receita. Governos tem a tendência do aumento indiscriminado de impostos, e muitas vezes não tem a mínima noção se esses aumentos de imposto representam um aumento real e proporcional na receita.

Outra questão bastante polêmica em nosso sistema de arrecadação de impostos é que o Imposto de Renda começa incidir sobre a quantia de dois salários mínimos, o que torna o imposto altamente regressivo (taxando mais quem recebe menos). Por definição o salário é uma soma que a pessoa recebe como consequência da realização de um serviço ou trabalho, montante que se é concedido de forma regular em dado período de tempo.

O salário é utilizado pelo trabalhador para suprir suas necessidades e de sua família. Necessidades de alimentação, moradia, educação e locomoção para que ele e sua família possam sobreviver com dignidade.

O menor salário isento de Imposto de Renda é de quase dois salários mínimos. Não seria a hora de um sistema de arrecadação bem-intencionado, aliviar um pouco a taxação sobre os trabalhadores pessoa física que recebem somente salário e voltar o seu olhar para as grandes empresas e pessoas jurídicas (grandes investidores, bancos e agências de investimento) com seus lucros bilionários e que contribuem com cifras irrisórias comparadas com o lucro anual obtido? Justiça fiscal se faz com a distribuição equânime da contribuição tributária por todas as atividades econômicas. Infelizmente não temos isso no Brasil ainda.


Prof. José Roberto Camacho (PhD)(MSc)(BScEng)
Faculdade de Engenharia Elétrica

Tatiana Silveira Camacho (MSc)(BScEcon)
Estudante de Doutorado - Instituto de Economia
Universidade Federal de Uberlândia