segunda-feira, 29 de julho de 2013

Agenda Positiva


Esta semana ouvimos que nosso governo irá criar uma “agenda positiva” para atender aos protestantes que invadem as ruas de nossas cidades e paralisam o país. Bastaram os estádios de futebol começar a ficar prontos para as Copas, e o brasileiro tomou consciência do que é o padrão FIFA de qualidade. Agora ele quer este padrão de qualidade para o transporte público, escolas públicas, hospitais, enfim para todos os serviços públicos pelos quais pagamos e não temos.

O que é “agenda positiva”? Esta resposta vai depender de como nossos políticos interpretam a semântica. Este termo quando visto sob a ótica política pode ter o objetivo de divulgar somente os acontecimentos positivos, ou as bondades praticadas por nossos governantes; varrendo para debaixo do tapete as barbaridades que ocorrem no gerenciamento dos gastos públicos desde o governo federal até a esfera municipal, já bem próximo de todos nós. Isto é tudo que o povo não quer.

Esperamos que “agenda positiva” seja um rol de medidas, ou pacotes de bondade, como costuma divulgar a mídia, para melhorar a educação, a saúde e a segurança pública. Para se ter uma ideia de quanto custa educação, saúde e segurança pública de qualidade, basta pesquisar o quanto gastam os países desenvolvidos com este tripé de serviços. Mas antes de tudo é preciso demonstrar inteligência nos gastos e lembrar que a “agenda positiva” não significa equipamento de qualidade, é preciso ter recursos humanos de qualidade bem remunerada e instruída.

Atualmente não se atrai recursos humanos de qualidade sem boa remuneração e sem equipamento para trabalhar. Deixar que nossas escolas, presídios e hospitais desçam ao nível de sucata, para depois tentar recuperá-los gastando-se mundos e fundos, é uma maldade sem precedentes para com o cordial e amistoso povo brasileiro. A população sai às ruas para reclamar seus direitos, não para pichar, fazer baderna ou depredar. Quem faz baderna e destrói as cidades são os arruaceiros e baderneiros sem perspectivas, entretanto é preciso ter um bom  horizonte à frente, para que nossos jovens tenham esperança e não abracem a baderna e a arruaça.

Para nossos jovens trabalhar com educação, com o sistema correcional ou hospitalar é um mero bico para se buscar uma profissão definitiva e mais bem remunerada. Nossos jovens transformaram-se em fazedores de concurso em busca de um emprego bem remunerado e não de uma profissão que os satisfaça e pela qual trabalharão com prazer. O que foi feito da vocação para determinada profissão? Isso acabou? Onde na escola existe um orientador para guiar o estudante para aquela profissão pela qual tem vocação natural?

Falta orientação no lar e na escola. Porque infelizmente não fomos preparados para aferir as habilidades naturais de nossos filhos e estudantes. A “agenda positiva” está dentro de cada um de nós, ao incutirmos em nossos filhos que o sucesso profissional é uma consequência natural do prazer e amor que cada um tem pela sua profissão. Como disse João Ubaldo Ribeiro em seu artigo “Ninguém sabe em que vai dar” sobre os protestos que sacodem o país.

As respostas para os questionamentos exibidos durante os protestos estão todas dentro de nós. Porque continuamos elegendo políticos corruptos que roubam o país? Porque alguns meses após as eleições já não nos lembramos em quem votamos? A culpa está dentro de nós porque aceitamos partidos políticos que vivem defendendo o óbvio, mas que nunca fazem nada de concreto em benefício do cidadão que paga imposto, e muito.

Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 17/07/2013