Esta semana
ouvimos que nosso governo irá criar uma “agenda positiva” para atender aos
protestantes que invadem as ruas de nossas cidades e paralisam o país. Bastaram
os estádios de futebol começar a ficar prontos para as Copas, e o brasileiro
tomou consciência do que é o padrão FIFA de qualidade. Agora ele quer este
padrão de qualidade para o transporte público, escolas públicas, hospitais,
enfim para todos os serviços públicos pelos quais pagamos e não temos.
O que é
“agenda positiva”? Esta resposta vai depender de como nossos políticos
interpretam a semântica. Este termo quando visto sob a ótica política pode ter
o objetivo de divulgar somente os acontecimentos positivos, ou as bondades
praticadas por nossos governantes; varrendo para debaixo do tapete as
barbaridades que ocorrem no gerenciamento dos gastos públicos desde o governo
federal até a esfera municipal, já bem próximo de todos nós. Isto é tudo que o
povo não quer.
Esperamos que
“agenda positiva” seja um rol de medidas, ou pacotes de bondade, como costuma
divulgar a mídia, para melhorar a educação, a saúde e a segurança pública. Para
se ter uma ideia de quanto custa educação, saúde e segurança pública de
qualidade, basta pesquisar o quanto gastam os países desenvolvidos com este
tripé de serviços. Mas antes de tudo é preciso demonstrar inteligência nos
gastos e lembrar que a “agenda positiva” não significa equipamento de
qualidade, é preciso ter recursos humanos de qualidade bem remunerada e
instruída.
Atualmente não
se atrai recursos humanos de qualidade sem boa remuneração e sem equipamento
para trabalhar. Deixar que nossas escolas, presídios e hospitais desçam ao
nível de sucata, para depois tentar recuperá-los gastando-se mundos e fundos, é
uma maldade sem precedentes para com o cordial e amistoso povo brasileiro. A
população sai às ruas para reclamar seus direitos, não para pichar, fazer
baderna ou depredar. Quem faz baderna e destrói as cidades são os arruaceiros e
baderneiros sem perspectivas, entretanto é preciso ter um bom horizonte à frente, para que nossos jovens
tenham esperança e não abracem a baderna e a arruaça.
Para nossos
jovens trabalhar com educação, com o sistema correcional ou hospitalar é um
mero bico para se buscar uma profissão definitiva e mais bem remunerada. Nossos
jovens transformaram-se em fazedores de concurso em busca de um emprego bem
remunerado e não de uma profissão que os satisfaça e pela qual trabalharão com
prazer. O que foi feito da vocação para determinada profissão? Isso acabou?
Onde na escola existe um orientador para guiar o estudante para aquela
profissão pela qual tem vocação natural?
Falta
orientação no lar e na escola. Porque infelizmente não fomos preparados para
aferir as habilidades naturais de nossos filhos e estudantes. A “agenda
positiva” está dentro de cada um de nós, ao incutirmos em nossos filhos que o
sucesso profissional é uma consequência natural do prazer e amor que cada um
tem pela sua profissão. Como disse João Ubaldo Ribeiro em seu artigo “Ninguém
sabe em que vai dar” sobre os protestos que sacodem o país.
As respostas
para os questionamentos exibidos durante os protestos estão todas dentro de
nós. Porque continuamos elegendo políticos corruptos que roubam o país? Porque
alguns meses após as eleições já não nos lembramos em quem votamos? A culpa
está dentro de nós porque aceitamos partidos políticos que vivem defendendo o
óbvio, mas que nunca fazem nada de concreto em benefício do cidadão que paga imposto,
e muito.
Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 17/07/2013