As maritacas (Aratinga leucophthalmus) de uns tempos para cá passaram
a frequentar assiduamente o meu quintal. É uma ave típica do cerrado é um
membro da família dos Psitacídeos ao qual pertencem as araras e os papagaios.
Penso que se tornaram frequentadoras contumazes do meu quintal pela falta de
ambiente natural, é comum vê-las por todos os lados na cidade, em fios de
eletricidade e telefonia e se deslocando em bandos na maior algazarra.
O fato é que
hoje existem depoimentos de pessoas sobre maritacas frequentando o centro da
cidade de São Paulo, um fato preocupante? Estariam elas encontrando mais alimento
na cidade do que no campo? Do que se alimentam as maritacas? A verdade é que as
maritacas se alimentam de frutas e sementes, tais como o mamão, jabuticaba,
amora, banana, uva e maçã, semente de girassol, macadâmia e etc... Pequenos
cocos de palmeira nativa é a alimentação predileta destas aves, se alimentam
também de brotos, folhas tenras e flores das plantas.
Com as
frutas, sementes e pequenas palmeiras rareando nos campos não é de se estranhar
que elas migrem para os poucos pomares existentes nas cidades, e ainda contam
com a ajuda de certas pessoas que em adoração aos pássaros oferecem frutas nas varandas das casas e dos prédios.
Com a agricultura intensiva de soja e cana ocupando nossos campos, a extinção
de palmeiras naturais e o pomar no meio rural cada vez mais raro, é natural que
elas se desloquem para o ambiente urbano.
Alguns
cidadãos na preocupação de dar sobrevida aos animais silvestres e pássaros
plantam árvores frutíferas em espaços públicos nas cidades. Atitude louvável e
que deveria ter o incentivo oficial, pois além das árvores frutíferas é preciso
dotar as cidades, e toda a exploração econômica dos campos de corredores
naturais para que os animais possam se deslocar livremente num espaço
originalmente ocupado por eles, mas que nós homens vamos invadindo e explorando
comercialmente. Voce já se perguntou quantos destes animais estarão circulando
entre nós quando vierem os seus netos?
Por ocasião
da reunião da ONU no Rio de Janeiro sobre meio ambiente e sustentabilidade é de
se filosofar sobre até onde podemos ir na exploração ambiental. Tudo tem
limites e a natureza pode estar dando sinais de que sua capacidade de absorver
a exploração ambiental esteja chegando a um limite sem volta. Estes pequenos
sinais dos animais, dos pássaros e das chuvas intensas durante o inverno podem
estar sinalizando que modificações importantes estão ocorrendo no meio ambiente
e da mesma forma como afetam a vida de animais e pássaros, afetam também a
produção de alimentos e a nossa sobrevivência.
Parte da
mídia alerta para o alarmismo contido nas previsões catastróficas de certas
pesquisas científicas sobre clima e meio ambiente. Mas está comprovado que na
questão brasileira, o aquecimento do norte do Brasil fatalmente afetará o
regime de chuvas no resto do país. Basta para isso observar os pequenos sinais
da natureza sobre as alterações ao nosso redor. Nunca choveu tanto no inverno,
será isso uma alteração climática ou uma modificação natural cíclica que fará o
clima retornar ao que era antes?
A natureza é
sábia e os animais e pássaros guiados pelos seus instintos naturais sinalizam
que a coisa não vai bem. Devemos todos ficar preocupados com estes pequenos
sinais ou relaxar e aproveitar como se não existisse amanhã?
Pulicado na Coluna Opinião
Correio de Uberlândia - Data: 28/06/2012