domingo, 24 de junho de 2012

Maritacas no meu quintal.


As maritacas (Aratinga leucophthalmus) de uns tempos para cá passaram a frequentar assiduamente o meu quintal. É uma ave típica do cerrado é um membro da família dos Psitacídeos ao qual pertencem as araras e os papagaios. Penso que se tornaram frequentadoras contumazes do meu quintal pela falta de ambiente natural, é comum vê-las por todos os lados na cidade, em fios de eletricidade e telefonia e se deslocando em bandos na maior algazarra.

O fato é que hoje existem depoimentos de pessoas sobre maritacas frequentando o centro da cidade de São Paulo, um fato preocupante? Estariam elas encontrando mais alimento na cidade do que no campo? Do que se alimentam as maritacas? A verdade é que as maritacas se alimentam de frutas e sementes, tais como o mamão, jabuticaba, amora, banana, uva e maçã, semente de girassol, macadâmia e etc... Pequenos cocos de palmeira nativa é a alimentação predileta destas aves, se alimentam também de brotos, folhas tenras e flores das plantas.

Com as frutas, sementes e pequenas palmeiras rareando nos campos não é de se estranhar que elas migrem para os poucos pomares existentes nas cidades, e ainda contam com a ajuda de certas pessoas que em adoração aos pássaros oferecem  frutas nas varandas das casas e dos prédios. Com a agricultura intensiva de soja e cana ocupando nossos campos, a extinção de palmeiras naturais e o pomar no meio rural cada vez mais raro, é natural que elas se desloquem para o ambiente urbano.

Alguns cidadãos na preocupação de dar sobrevida aos animais silvestres e pássaros plantam árvores frutíferas em espaços públicos nas cidades. Atitude louvável e que deveria ter o incentivo oficial, pois além das árvores frutíferas é preciso dotar as cidades, e toda a exploração econômica dos campos de corredores naturais para que os animais possam se deslocar livremente num espaço originalmente ocupado por eles, mas que nós homens vamos invadindo e explorando comercialmente. Voce já se perguntou quantos destes animais estarão circulando entre nós quando vierem os seus netos?

Por ocasião da reunião da ONU no Rio de Janeiro sobre meio ambiente e sustentabilidade é de se filosofar sobre até onde podemos ir na exploração ambiental. Tudo tem limites e a natureza pode estar dando sinais de que sua capacidade de absorver a exploração ambiental esteja chegando a um limite sem volta. Estes pequenos sinais dos animais, dos pássaros e das chuvas intensas durante o inverno podem estar sinalizando que modificações importantes estão ocorrendo no meio ambiente e da mesma forma como afetam a vida de animais e pássaros, afetam também a produção de alimentos e a nossa sobrevivência.

Parte da mídia alerta para o alarmismo contido nas previsões catastróficas de certas pesquisas científicas sobre clima e meio ambiente. Mas está comprovado que na questão brasileira, o aquecimento do norte do Brasil fatalmente afetará o regime de chuvas no resto do país. Basta para isso observar os pequenos sinais da natureza sobre as alterações ao nosso redor. Nunca choveu tanto no inverno, será isso uma alteração climática ou uma modificação natural cíclica que fará o clima retornar ao que era antes?


A natureza é sábia e os animais e pássaros guiados pelos seus instintos naturais sinalizam que a coisa não vai bem. Devemos todos ficar preocupados com estes pequenos sinais ou relaxar e aproveitar como se não existisse amanhã? 

Pulicado na Coluna Opinião
Correio de Uberlândia - Data: 28/06/2012

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