terça-feira, 6 de março de 2012

Acontece na China ou vem de lá.

Nesta última década, e após a reunificação Hong-Kong tornou-se o enclave capitalista da China Comunista, este país mostra uma avidez sem par às maravilhas do capitalismo, não sem antes dividir parcos salários com os companheiros trabalhadores comunistas. Desta forma até o capitalismo passa a gostar do comunismo. O conceito atual da China parece ser: as benesses do capitalismo selvagem para os empresários e salários aviltantes para os trabalhadores comunistas, e ai de quem abrir a boca para protestar.

Por incrível que pareça esta abordagem está servindo de modelo para todo o empresariado do mundo, haja vista que hoje tudo acontece na China, todos os empresários querem ter filiais na China, outros mais ousados transferem suas matrizes para lá. Equipamentos eletrônicos são todos fabricados na China, e se não o são, todos os componentes vem de lá.  O salário médio de um trabalhador especializado na China não chega a R$ 5,00 a hora. Isso explica em muito a atração do capitalismo pelo comunismo chinês. Onde um empresário encontraria um trabalhador especializado disposto a trabalhar 60 horas por semana e ganhar cerca de R$ 1.200,00 por mês?

Esse parece ser hoje o paraíso do empresariado mundial, salários aviltantes com o mesmo mercado comprador ansioso por produtos com o menor preço possível. Tanto isso é verdade que o empresariado brasileiro de setores como roupas e calçados sofre amargamente com a concorrência desleal chinesa. Brechas na legislação brasileira permitem que os produtos chineses cheguem ao nosso país mais barato do que os fabricados aqui. Tanto é que o governo já investiga e anuncia mecanismos de proteção à indústria nacional.

Os chineses até já criaram uma nova jurisprudência mundial no que tange às relações entre empresa e estado, nenhuma empresa se instala em lugar nenhum se não tiver do estado estratosféricas isenções de impostos. Basta observar o que aconteceu nas negociações da Taiwanesa FOXCONN com o governo do Estado de São Paulo para a fabricação do Iphone e do Ipad. O Ipad até hoje não começou a ser fabricado por que incentivos fiscais ainda não foram definidos pelo estado vizinho. Mas quem imagina que esta enorme quantidade de incentivos vai fazer o preço destes aparelhos despencarem pode estar redondamente enganado. Então qual a vantagem que o consumidor tem com isso, nenhuma? O único bônus seria o “marketing” do governo por estar gerando empregos de alta tecnologia?

Tudo caminha lentamente, devido a empresa enfrentar problemas para produzir seus equipamentos com os prometidos incentivos previstos na medida provisória 534, esta medida enquadra os tablets na lei 11.197/95, prevendo isenção de PIS/Cofins ainda com redução de IPI de 15% para 3%. Uma empresa estrangeira chega ao Brasil e o país curva-se à guerra fiscal internacional para que nossos trabalhadores tenham emprego? Será que os melhores empregos nestas empresas serão de brasileiros? Estaria a China fixando novos padrões para os impostos pagos pela indústria e para os salários pagos aos trabalhadores ao redor do mundo? O futuro dirá quem tem razão.

Com o descrédito econômico de muitos governos de peso ao redor do mundo; é de se pensar que o ambiente está propício para que grandes corporações comecem a sonhar que são mais competentes do que quem está governo. Isso daria mais algumas linhas de prosa.