terça-feira, 15 de novembro de 2011

Precisa-se de cérebros.

O país vive uma fase de desenvolvimento pautada pela austeridade nas contas e no superávit comercial dos últimos anos, ações estas que proporcionam um bom desempenho econômico ao país e a região se comparado com as dificuldades econômicas de regiões ricas do mundo, como a Comunidade Europeia por exemplo. Soma-se a isso a visível redução de recursos naturais e a perspectiva de que na atual taxa de crescimento populacional (1,2% ao ano) o mundo terá o dobro de seus habitantes em aproximadamente 58,5 anos e será praticamente impossível alimentá-los com recursos terrenos. É um cenário catastrófico? Não necessariamente, pois a disciplina, austeridade e inteligência vão ser cada vez mais valorizadas daqui para frente.

Para tanto é necessário que valorizemos as práticas inteligentes em todas as áreas do conhecimento. Quer seja nas áreas sociais, na área de saúde, na formação de pessoas e nas soluções coletivas para a convivência harmoniosa em nossas cidades. É preciso, portanto que o cidadão tenha formação de qualidade desde sua mais tenra idade. É muito importante que nos voltemos para as boas práticas esquecidas no passado e as adaptemos à nossa modernidade. Não é mais possível conviver em uma sociedade global de mais de sete bilhões de pessoas sem o mínimo de disciplina e respeito ao próximo. Formar um cidadão é um trabalho árduo de vinte anos ou mais, e qualquer cochilo hoje se reflete inexoravelmente no futuro.

Frequentemente se houve falar em década perdida. O que estamos fazendo com a educação básica e sua aprovação automática nos últimos dez anos vai se refletir daqui a vinte anos e dali para frente teremos mais uma década perdida. Isto sim é catastrófico, pois um país para se desenvolver precisa de cérebros, e estes se desenvolvem com o culto ao conhecimento desde a mais tenra idade. É preciso que todo ser humano tenha uma boa referência nas escolas por onde passou e no conhecimento que adquiriu.

Em recente reportagem da mídia nacional, percebe-se que o professor passa mais tempo ditando regras de comportamento aos seus alunos, do que propriamente ensinando. Isto sim é catastrófico. Estudantes trazem de casa o conceito de que para ter sucesso não é preciso aprender nem o mínimo necessário. É inadmissível que não exista mais o conceito de autoridade e que não seja possível o respeito ao professor e à sua profissão. A falta de cérebros e a importação de profissionais de outras partes do mundo em nosso país passam por dentro da nossa alquebrada educação básica e adentra como um furacão descontrolado para dentro da universidade. A escola não é fábrica de diplomas é um local que deve cultivar o conhecimento. Infelizmente para isso é preciso sinalizar a aqueles que não a levam a sério que é preciso mais dedicação e mais respeito com o conhecimento e com o que a sociedade espera de você depois de titulado. Como diria o agricultor, não se vende joio por trigo.

Como produzir cérebros para os desafios de todos os tipos que teremos em não mais do que vinte anos? Uma boa casa não se constrói em solo frágil ou alicerce de má qualidade, qualquer construtor sabe disso. Aqueles que insistem em fazer ouvidos moucos às críticas de uma educação básica pífia não podem reclamar da falta de profissionais capacitados e de qualidade advindos tanto do ensino superior quanto do ensino técnico.


Publicado na coluna "Ponto de Vista" - Jornal Correio de Uberlândia em 24/11/2011.