sábado, 22 de agosto de 2015

O Descrédito nas Instituições


A pior praga que pode assolar uma comunidade é o descrédito epidêmico. A situação que vivemos em nosso país configura-se em uma crise de fundo moral, as instituições oficiais estão desacreditadas, começando pela política, pelo judiciário, e a pior das crises é a instabilidade econômica; que se estabeleceu com o grande o espetacular aumento no descrédito nas instituições.

Como acreditar em arriscar numa época em que bilhões vazam pelo ralo sem serem aproveitados pela população em geral. Como explicar que toda essa dinheirama do erário caia em mãos desonestas sem chegar onde deveriam? Nos hospitais, na segurança pública, nas escolas falta o básico para que população tenha confiança nas instituições. Sem confiança ninguém arrisca e os empregos desaparecem.

O governo anda sempre atrasado da realidade e quando toma alguma medida é para chancelar e tornar legal algo que já está acontecendo na prática. Somos morosos e lentos para atender o cidadão que procura pelo estado. Sem falar na pouca eficiência em fazer o dinheiro chegar onde deveria. Pode ser citado como exemplo a dificuldade de um pesquisador em centros de desenvolvimento tecnológico conseguir certa quantia em dinheiro e a facilidade com que a política destina montanhas de recursos a objetivos incertos e até escusos sem a devida fiscalização de como foi utilizado.

O dinheiro mal aproveitado reflete na deficiência de atendimento aos pedidos básicos da sociedade, direitos básicos do cidadão são relegados ao segundo plano quando o nosso imposto é tratado com total falta de prioridade e sem nenhum cronograma. O nosso estado é exigente com o contribuinte e muito relapso consigo mesmo ao lidar com o dinheiro de todos nós.

Dizia um velho professor que o melhor pregador é o Frade Exemplo. Como queremos melhorar a sociedade no futuro com o péssimo exemplo que estamos dando aos nossos jovens? O péssimo exemplo do jeitinho e da propina para corromper e comprar o que não tem preço, pois a lei e as regras de convivência são para todos.

No noticiário nacional assusta a frequência com que são veiculados os casos de malversação do dinheiro público nas diversas esferas de governo. Não há preferência, são desviados até recursos para a merenda escolar de nossas crianças. Se fazem isso, o que dizer do enorme montante de dinheiro de empresas estatais de alta tecnologia à disposição? Em todas elas movimenta-se bilhões, o que dizer dos furos milionários encontrados em algumas? Em todas a prática é a mesma? Vamos parar por aqui ou todas serão objeto de investigação?

Toda essa incerteza quanto à seriedade das instituições públicas faz crescer o descrédito e a diminuição da disposição ao risco que é parte importantíssima de qualquer empreendimento. Encolhem as empresas e como consequência a arrecadação do governo, fazendo com que os investimentos estatais diminuam em proporção igual ou maior devido à queda da arrecadação. Estamos dando em um ano, vários passos para trás, voltando à taxas de inflação de uma década atrás com retração no tamanho da economia. Péssimo para o cidadão comum que precisa do governo e do sistema de assistência do estado. Temos ainda a sensação, como contribuintes, que estamos todos fazendo papel de palhaço.

Até onde irá a vontade de encontrar corruptos que pilham o erário sem dó nem piedade? Iremos até as últimas consequências ou isso não vai dar em nada como sempre?

José Roberto Camacho
UFU – Faculdade de Engenharia Elétrica
e-mail: jrcamacho@ufu.br

Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 23/08/2015
http://tinyurl.com/phd8sk2