segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Greve nas Universidades Federais, uma análise.



Uma análise superficial da greve dos professores das universidades federais:- O governo manobrou inteligentemente, os sindicatos não. O governo mandou uma proposta de reajuste para os próximos 3 anos, que devido à desunião da classe acabou colando. Talvez agora tenhamos conseguido esclarecer melhor a população sobre nossas reivindicações, que não são meramente salariais.

O governo no projeto de reajuste desconsidera que há uma inflação no país e a contempla em sua proposta. De quebra, cala a boca por 3 anos, de 2013 a 2015 de alguns sindicalistas incômodos. Não teremos greves de professores federais em 2013 e 2014, ano de Copa das Confederações e de Copa do Mundo, o país cheio de visitantes estrangeiros e com a mídia internacional pululando à nossa volta.

Em 2016, ano de Olimpíadas, as leis que regulamentam greves de funcionários públicos já estarão em vigor, e aí o governo poderá bater com força a marreta na bigorna. A Dona Dilma, descobriu que da “retórica das eleições”, até a “retórica das negociações” há uma distância muito grande, e deixou bem claro que quem tem o poder manda, obedece quem tem juízo. Prática que talvez tenha sido aprendida nos porões da ditadura.

A presidenta Dilma, não está aí para abrir saco de bondades, ela está aí para mostrar resultados e conseguir um segundo mandato, aumentando as chances de o PT permanecer no poder por seis mandatos consecutivos. Isso se Lula, o Oráculo do PT, tiver forças para tanto. Soma-se o fato que um Ministro da Educação conivente permite que discussões salariais, de sua esfera de mando, sejam decididas pelo Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Temos assim a receita para uma decisão puramente financeira ao invés de uma decisão estratégica para o fortalecimento da educação pública.

Mas me desculpem os meus colegas de profissão de mais de 30 anos. Fica a conclusão que quanto mais greves houver mais frágeis ficam as escolas públicas no Brasil. Dizem os especialistas que temos mais pedagogos do que gestores, e a escola no Brasil é um problema de gestão, de organização e de disciplina. É claro, professores com salários dignos em todos os níveis também faz parte da equação. Mas segundo os nossos patrões não é o mais importante. Tudo isso e inclusive a cizânia dos sindicatos não faz bem ao ensino público, não faz não.

Todos se arvoram como defensores da escola pública e gratuita para todos, e aí se instala a Torre de Babel, onde cada segmento puxa a sardinha para a sua brasa. Fecham os olhos para os outros componentes da equação. Componentes estes que são seus pares na oferta da educação pública

Parece que estamos indo para um fim de greve melancólico. É uma pena, pois ambos os lados, tanto governo e sindicato, com um pouco mais de humildade poderiam aprender muito um com o outro. As Universidades Federais estão em processo de consulta interna para eleger seus reitores para o próximo mandato. As greves se misturam com os desejos eleitorais dos sindicatos que nitidamente esticam greves para que não se faça uma discussão e consulta de alto nível para se eleger os futuros reitores.


Assusta-me a falta de preparo no Brasil na área de inteligência governamental para prever que essas greves poderiam se misturar com as consultas eleitorais. E afinal de contas como é que ficam a carreira, os salários e as aulas? A Torre de Babel vai continuar? Mais uma greve, quantas teremos todos nós em nossos currículos? Que deveríamos negociar salários e melhoria na carreira ano a ano eu não tenho dúvidas.

Publicado na coluna Opinião 
Jornal Gazeta do Triângulo
Data: 18/09/2012

sábado, 8 de setembro de 2012

Jogos Olímpicos, Paralímpicos e Copa do Mundo.


É tempo de esportes. Nos tempos que se seguem nosso país respira atividades esportivas. Afinal, em 2014 teremos uma Copa do Mundo, a segunda, após 64 anos da verdadeira catástrofe nacional do “Maracanazo” de 1950, quando fomos batidos pela valorosa “Celeste Olímpica” do minúsculo Uruguai. Em 2016 virão as Olimpíadas, e o que se espera é que em cada criança seja incutida a esperança de se tornar um herói Olímpico. Vão se multiplicar pelo Brasil os clubes e escolas incentivando o esporte para todas as idades e todos os esportes.

Quando se pensa em Olimpíada o que se espera é encontrar seu país bem posicionado no quadro de medalhas. Nas duas últimas olimpíadas de 2008 na China (3 medalhas de ouro, 4 de prata e 8 de bronze) e 2012 em Londres (3 medalhas de ouro, 5 de prata e 9 de bronze) o Brasil foi classificado respectivamente em vigésimo terceiro lugar na China e em vigésimo segundo lugar na Inglaterra. Nos 4 anos o Brasil evoluiu uma medalha de prata e uma de bronze, subindo uma posição no quadro geral de medalhas. Considerando que até o momento  de a Olimpíada ser confirmada em solo pátrio, o nosso país ainda não havia considerado a séria possibilidade de dar vida digna aos seus atletas, eles podem portanto ser considerados verdadeiros heróis pelos resultados obtidos.

Quando se sedia uma Olimpíada, se adquire o dever de sediar logo em seguida a Paraolimpíada, uma das competições mais belas que o homem já idealizou. Fazendo o mesmo comparativo feito acima para as Olimpíadas, concluo que o Brasil Paraolímpico é muito maior que o Brasil Olímpico. Na China em 2008 o Brasil faturou 15 medalhas de ouro, 17 medalhas de prata e 14 medalhas de bronze ficando na nona posição, até o momento em Londres, o Brasil já conquistou 10 medalhas de ouro, 7 medalhas de prata e 4 medalhas de bronze estando até o momento na sétima posição. Ou seja, nas Paraolimpíadas o Brasil se coloca em uma posição mais condizente com a de quinto maior país em extensão territorial e quinta maior economia do mundo civilizado.

Nas Paraolimpíadas, ganhamos o nosso Usain Bolt, nos 200 “metros para amputados”, o nome dele é Alan Fonteles, e competiu com Oscar Pistorius o lendário fundista amputado da África do Sul que vinha certo de levar mais uma medalha de ouro para casa. Numa arrancada fenomenal Alan, por alguns momentos, nos fez esquecer que estávamos assistindo a uma competição entre homens amputados das duas pernas. E percorrer 200 metros em pouco mais de 21 segundos e 45 centésimos é algo que muitos fundistas olímpicos de classe internacional não conseguem fazê-lo. Usain Bolt ganhou ouro nos 200 metros em Londres, correndo com suas próprias pernas, com um tempo de 19 segundos e 2 centésimos. Portanto a marca de Alan é algo fantástico, pois participar de uma corrida de fundo equilibrando-se sobre duas próteses, onde uma piscada lenta pode representar várias passadas dos adversários é algo fenomenal. Temos mais um herói nacional que sai do anonimato para dizer que o Brasil está presente e vai se colocar no lugar que merece no cenário Paralímpico mundial.

Parabéns aos atletas paralímpicos pelo que já fizeram até aqui e pelo que ainda farão. E espero que a humildade desses atletas inspirem os outros que vão participar, primeiro da Copa do Mundo de 2014 e depois das Olimpíadas de 2016. Esperamos mais deles, porque os atletas Paraolímpicos já estão fazendo com sobras o dever de casa.

Publicado na Coluna Ponto de Vista 
Jornal O Correio de Uberlândia 
Data: 16/09/2012