domingo, 25 de dezembro de 2011

Heróis esquecidos?

Este texto é escrito em homenagem a alguns brasileiros exemplares em algum ramo de atividade e que suas obras foram tão importantes que meras homenagens ou livros escritos são insuficientes para agradecer o patriotismo e as boas obras que construíram ao longo de uma vida. São, portanto heróis, e filmes poderiam ser feitos para servir de exemplo às novas gerações. São pessoas que primaram pela ética, seriedade, solidariedade e lisura com que encararam a vida e procuraram por todos os meios lícitos disponíveis deixar um mundo melhor do que aquele que encontraram. 
O primeiro deles é o Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, patrono da aeronáutica do Brasil, objeto do livro “Montenegro” do Jornalista Fernando Morais onde ele conta a biografia e “as aventuras do marechal que fez uma revolução nos céus do Brasil”.  Outro livro foi escrito por Ozires Silva e Déscio Fischetti, “A trajetória de um visionário. Vida e obra do criador do ITA”.  Que contam a história heróica de um piloto da força aérea que se transformou no primeiro reitor do ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica e do CTA – Centro Tecnológico da Aeronáutica, hoje denominado DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial e que transformou em realidade o sonho de uma indústria aeronáutica genuinamente nacional. 
Outra heroína foi Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, esposa do escritor Guimarães Rosa, e que foi sua colega de trabalho no Consulado do Brasil em Hamburgo durante a segunda guerra mundial. Aracy de sua mesa dentro do Consulado do Brasil em Hamburgo conseguiu salvar centenas de vidas de Judeus que para fugir da perseguição nazista pediram asilo ao Brasil. Por seu trabalho no consulado e seu espírito humanitário ela foi agraciada pelo governo de Israel com o título de “Justa entre as Nações”. Sua história de vida além de estar presente em livros, merece ser conhecida por nossos jovens tão carentes de verdadeiros heróis. 
Os nossos heróis foram em geral pessoas simples que devotaram a sua vida a um determinado objetivo, um exemplo também destacado é o do Eng. Bernardo Sayão Carvalho Araújo. Formado pela Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária de Belo Horizonte em 1923, é um nome destacado na história de Brasília. Vivia no Rio de Janeiro, em 1935 ficou viúvo, aos 34 anos viu-se só e com duas filhas, em 1939 resolveu mudar com a família para Goiás para onde veio construir estradas.  Trabalhou no famoso programa do governo brasileiro chamado “Marcha para o Oeste”. Em 1941 casou-se novamente e em 1954 foi eleito vice-governador de Goiás, em 1956 era um dos diretores da NOVACAP, empresa estatal que cuidava da construção da nova capital federal. Por ordem do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira foi encarregado em 1958 da construção da estrada Belém – Brasilia (Transbrasiliana) e aceita gerenciar pessoalmente as obras da rodovia. Mas um homem com tal desprendimento e coragem deveria ser parte indelével da história da nova capital federal, e para tanto um terrível acidente em 1959 durante a derrubada da mata para a abertura da estrada uma árvore cai sobre sua barraca e o deixa gravemente ferido. Sayão morre no mesmo dia dentro de um helicóptero em busca de socorro. Por ironia do destino ele acabou sendo o pioneiro do Campo da Esperança, o cemitério de Brasília. A rodovia Belém-Brasília em sua homenagem recebeu o nome oficial de Rodovia Bernardo Sayão. 
Outro grande inventor nacional foi o Padre Roberto Landell de Moura, desconhecido inventor, que já fazia experiências com transmissores de rádio bem antes de Guglielmo Marconi, acender, com comando de rádio desde Genova na Itália as luzes do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, em 12 de Outubro de 1931, dia de sua inauguração. Seu experimento registrado com sucesso data de 03 de Junho 1900, e trata-se sua fantástica experiência de transmitir a voz humana através de ondas de rádio entre o Bairro de Santana (Colégio Santana) e a Avenida Paulista (região do MASP). É preciso dar a ele o merecido crédito, pois fazia experimentos avançados para a época em um país sem tradição científica e fora do eixo das grandes invenções, a Europa do começo do século XX.
Outro herói anônimo é o marechal Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, que foi apelidado pela história de o “marechal democrata”, o homem que enquanto esteve no poder e embora sendo um militar, procurou com todas as suas forças escutar a voz do povo e dar voz às urnas. Adiou o quanto pode e até tentou evitar o golpe militar no Brasil. Henrique Lott veio de uma família ilustre, mas que estava em dificuldades financeiras, cursou a academia militar, e se obrigava a ser o primeiro da classe, regido pelas disciplinas paterna e materna que o fez aprender inglês e francês em casa, através da leitura de livros. Henrique Lott logo teve que exercer a disciplina ensinada pelo pai, pois tinha com seu soldo uma família para alimentar em casa. Sua mãe impôs a ele que enquanto fosse o primeiro da classe no Colégio Militar ele e os irmãos teriam direito de comer uma lata de sardinha importada nos almoços de sábado. Enquanto ele esteve no Colégio Militar nunca houve um só almoço de sábado que não houvesse sardinha em casa.
Lott é definido como “O Soldado Absoluto” pelo jornalista Wagner William em seu livro, e é tido como um democrata admirado por políticos de esquerda, sem qualquer afinidade ideológica com ele, e odiado pelos que usavam a farda do Exército ao engendrarem o golpe militar de 1964. Isto porque em 1955, o general Lott, evitou a antecipação da ditadura militar no Brasil em nove anos, ao dar um golpe para evitar um golpe militar, e permitir que o presidente eleito nas urnas tomasse posse, um dos presidentes mais populares da história do país. Juscelino Kubitschek de Oliveira não teria levado a termo seu governo se o ministro Lott não se tornasse seu fiel escudeiro e pregasse que as forças armadas fossem a guardiã da democracia e a defesa da nação, mas com isso tornou-se o maior rival de outro general, Castello Branco.
Jânio Quadros poderia ter perdido a eleição presidencial para a sucessão de Juscelino, se Lott, sendo o outro candidato, não tivesse feito uma campanha em que se recusava entrar no toma lá dá cá da política nacional.
Lott foi um militar que admirava a democracia, foi ministro e foi candidato que se colocou à disposição do povo em sufrágio, evitando o proselitismo e sucumbindo ao populismo barato do Sr. Jânio Quadros.
Temos, portanto nossos ídolos e heróis, como em qualquer parte do mundo, alguns livros já foram escritos sobre eles, pois fizeram parte da construção desta grande nação. Dar conhecimento às atuais gerações das pessoas que dedicaram sua vida para melhorar a sociedade é um ato de civilidade e patriotismo. Quantos ainda estarão totalmente desconhecidos e no anonimato?


Primeira parte publicada na Coluna Ponto de Vista do Jornal Correio de Uberlândia em 04/01/2012. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Novas tarifas para a energia elétrica.

Na terça-feira dia 22/11 a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou durante reunião pública de sua diretoria a alteração da estrutura tarifária a ser aplicada ao setor de distribuição de energia elétrica. O novo regulamento prevê a aplicação de tarifas diferenciadas por horário de consumo, oferecendo tarifas mais baratas nos períodos em que o sistema é menos utilizado pelos consumidores.

A partir daí o governo começa a divulgar para a população os planos de uma nova política para a tarifação da energia elétrica residencial. O novo regulamento prevê a aplicação de tarifas diferenciadas por horário de consumo, oferecendo tarifas mais baratas nos períodos em que o sistema é menos utilizado pelos consumidores. Segundo divulgado pela mídia e na página da ANEEL as tarifas serão subdivididas em três faixas de horários diferentes: ponta, fora da ponta e durante a madrugada, respectivamente tarifas vermelha, amarela e verde.

O assunto foi objeto de Audiência Pública pela ANEEL com o nº. 120/2010 de 17/12/2010 a 18/03/2011. Para os consumidores de baixa tensão, seja os residenciais, comerciais, industriais e de áreas rurais, a principal mudança é a criação da modalidade tarifária branca, que será uma alternativa à convencional hoje em vigor, o sistema ainda oferecerá três diferentes patamares para a tarifa de energia, de acordo com os horários de consumo. De segunda a sexta-feira, uma tarifa mais barata será empregada na maioria das horas do dia; outra mais cara, no horário em que o consumo de energia atinge o pico máximo, no início da noite; e a terceira, intermediária, será entre esses dois horários. Nos finais de semana e feriados, a tarifa mais barata será empregada para todas as horas do dia.

Segundo o jornal “O Globo”, no período de pico, a energia custará cinco vezes mais do que no horário de baixo consumo, no resto do dia, e três vezes mais do que no horário intermediário, que será de uma hora antes e uma depois do horário de pico.

Entretanto, o novo sistema de tarifas somente começará a valer quando as distribuidoras de energia substituírem os medidores eletromecânicos de energia pelos eletrônicos, assunto que está em estudo na ANEEL e foi abordado na Audiência Pública da ANEEL de no. 43/2010. A modalidade tarifária branca não valerá para a iluminação pública e os consumidores de baixa renda. Fica a primeira pergunta: - Quem paga a conta pela substituição do sistema?

A jogada é atrair a clientela para as novas tarifas diferenciadas com preços mais baixos que a tarifa branca e depois as tarifas cobradas poderão ser fortemente majoradas no horário de ponta para forçar o consumidor a mudar os seus hábitos com a consequente diminuição da demanda de energia pela modificação do padrão de consumo dentro das residências.

O interessante é que atrelado a uma medida deste tipo não se vê nenhum programa de estimulo ao financiamento de aquecedores solares de água para substituir os chuveiros nas residências e nos edifícios residenciais. O chuveiro é o maior vilão no consumo residencial no horário de ponta e nenhuma campanha é feita para estimular o seu desaparecimento. Uma coisa é certa, a partir dessas novas regras, a vida dos consumidores de energia elétrica no Brasil não será mais a mesma.

Prof. José Roberto Camacho
UFU – Eng. Elétrica
e.mail: jrcamacho@ufu.br

Publicado na coluna "Ponto de Vista"
Correio de Uberlândia em 15/12/2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Precisa-se de cérebros.

O país vive uma fase de desenvolvimento pautada pela austeridade nas contas e no superávit comercial dos últimos anos, ações estas que proporcionam um bom desempenho econômico ao país e a região se comparado com as dificuldades econômicas de regiões ricas do mundo, como a Comunidade Europeia por exemplo. Soma-se a isso a visível redução de recursos naturais e a perspectiva de que na atual taxa de crescimento populacional (1,2% ao ano) o mundo terá o dobro de seus habitantes em aproximadamente 58,5 anos e será praticamente impossível alimentá-los com recursos terrenos. É um cenário catastrófico? Não necessariamente, pois a disciplina, austeridade e inteligência vão ser cada vez mais valorizadas daqui para frente.

Para tanto é necessário que valorizemos as práticas inteligentes em todas as áreas do conhecimento. Quer seja nas áreas sociais, na área de saúde, na formação de pessoas e nas soluções coletivas para a convivência harmoniosa em nossas cidades. É preciso, portanto que o cidadão tenha formação de qualidade desde sua mais tenra idade. É muito importante que nos voltemos para as boas práticas esquecidas no passado e as adaptemos à nossa modernidade. Não é mais possível conviver em uma sociedade global de mais de sete bilhões de pessoas sem o mínimo de disciplina e respeito ao próximo. Formar um cidadão é um trabalho árduo de vinte anos ou mais, e qualquer cochilo hoje se reflete inexoravelmente no futuro.

Frequentemente se houve falar em década perdida. O que estamos fazendo com a educação básica e sua aprovação automática nos últimos dez anos vai se refletir daqui a vinte anos e dali para frente teremos mais uma década perdida. Isto sim é catastrófico, pois um país para se desenvolver precisa de cérebros, e estes se desenvolvem com o culto ao conhecimento desde a mais tenra idade. É preciso que todo ser humano tenha uma boa referência nas escolas por onde passou e no conhecimento que adquiriu.

Em recente reportagem da mídia nacional, percebe-se que o professor passa mais tempo ditando regras de comportamento aos seus alunos, do que propriamente ensinando. Isto sim é catastrófico. Estudantes trazem de casa o conceito de que para ter sucesso não é preciso aprender nem o mínimo necessário. É inadmissível que não exista mais o conceito de autoridade e que não seja possível o respeito ao professor e à sua profissão. A falta de cérebros e a importação de profissionais de outras partes do mundo em nosso país passam por dentro da nossa alquebrada educação básica e adentra como um furacão descontrolado para dentro da universidade. A escola não é fábrica de diplomas é um local que deve cultivar o conhecimento. Infelizmente para isso é preciso sinalizar a aqueles que não a levam a sério que é preciso mais dedicação e mais respeito com o conhecimento e com o que a sociedade espera de você depois de titulado. Como diria o agricultor, não se vende joio por trigo.

Como produzir cérebros para os desafios de todos os tipos que teremos em não mais do que vinte anos? Uma boa casa não se constrói em solo frágil ou alicerce de má qualidade, qualquer construtor sabe disso. Aqueles que insistem em fazer ouvidos moucos às críticas de uma educação básica pífia não podem reclamar da falta de profissionais capacitados e de qualidade advindos tanto do ensino superior quanto do ensino técnico.


Publicado na coluna "Ponto de Vista" - Jornal Correio de Uberlândia em 24/11/2011.

domingo, 30 de outubro de 2011

Voto no Cacareco?

O Cacareco foi o primeiro rinoceronte político ou político rinoceronte do Brasil, quiçá do mundo. A biografia deste mamífero perissodátilo é de fazer inveja a muito político profissional. Ele começou sua militância política quando em setembro de 1958 veio do Zoo do Rio de Janeiro para a inauguração do Zoo de São Paulo. O sucesso de sua visita foi tanto que ele inclusive foi impedido de voltar ao Rio de Janeiro, em São Paulo ele revelou seus pendores políticos e tornou-se o queridinho da população paulistana.

Isto porque Itaboraí Matos, um jornalista do jornal O Estado de São Paulo, em protesto devido ao baixo nível dos candidatos a cargos na Câmara Municipal de São Paulo, resolveu lançar a candidatura do animal nas eleições de 1959, sua sugestão foi o voto de protesto no animal que era o queridinho da cidade naqueles dias. A campanha do Cacareco foi um estrondoso sucesso e o rinoceronte recebeu mais de 100 mil votos nas eleições de 3 de outubro de 1959.

No rastro desta aclamação popular na época surgiram panfletos e músicas que retratam bem o fato que a política não se modifica em nosso país e que ela sofre das mesmas mazelas de 50 anos atrás. Veja por exemplo a letra da marcha “Cacareco” de Miguel A. Ruggeri e Irvando Luiz para o Carnaval de 1960.

“Está faltando carne/Está faltando pão/Criança sem escola/É triste a educação/A queixa deste povo/Não encontra eco/E foi eleito o Cacareco//Cacareco o que é?//É falta de arroz/É falta de feijão/É falta de vergonha/ Não tem mais solução/O povo está cansado/De bancar o boneco/E desgostoso/Votou no Cacareco”. Troque a carne pelo transporte, o pão pela justiça, o arroz pela segurança e o feijão pela saúde e você verá que no final pouca coisa mudou em nossa política em mais de cinquenta anos.

Começam a surgir o movimento suprapartidário “Brasil contra a corrupção” que pede o retorno do nosso país à política sadia com ética para que a riqueza de nosso país seja mais bem aproveitada. É preciso exigir dos políticos ou candidatos à política o seu “Curriculum Vitae”, uma descrição da sua vida passada. Só assim cacos e cacarecos não conseguirão chegar às esferas de decisão do poder.

A solidão a que os políticos relegam seus eleitores após as eleições, com o beneplácito da legislação, é algo estarrecedor em nosso país. O eleitor não consegue nem ao menos se lembrar em que votou, tal é a enorme distância que os agora eleitos se posicionam de seus eleitores. “Na democracia, o poder emana do povo. Pelo povo é concedido e por ele é retirado.” Precisamos modificar urgentemente o arcabouço de leis que orientam a nossa política.

O povo brasileiro aguarda há anos uma reforma que modernize a política, as formas de tributação e a previdência social, mas nada sensibiliza os nossos representantes, por isso é preciso tomar cuidado, observar bem os currículos dos postulantes aos cargos públicos para que o sufrágio seja consciente e que não elejamos nenhum Cacareco em protesto ao que temos no momento.

Precisamos de representantes que tenham consciência de sua representatividade e que além do seu progresso pessoal tenham em mente que são pagos pelos nossos impostos, e que o progresso do país e o atendimento às necessidades dos cidadãos são mais importantes que suas vaidades pessoais e seu desejo pelo poder.

Prof. José R. Camacho (PhD)
UFU – Engenharia Elétrica
Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Data: 07/11/2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A universidade e o mercado.

Como bem sabemos uma universidade completa vive sobre o tripé ensino, pesquisa e extensão. O ensino recebe mais ou menos estudantes dependendo da situação de mercado, se uma determinada profissão necessita de mais ou menos profissionais, e na medida em que a remuneração pelos serviços sobe ou desce, aumenta ou diminui o interesse por determinadas profissões. Isto pode ser observado com muita clareza dentro das universidades. A desvalorização de uma profissão em geral, pela piora na recompensa financeira, sempre atrai os menos qualificados para desempenhá-la.

Dentro deste tripé alguns aspectos podem ser discutidos alguns antagônicos e outros até perversos. O perverso da afirmação acima é que no momento que o mercado não necessita destes profissionais seu valor decresce e diminui também o interesse pela profissão e numero de cidadãos com esta formação cai drasticamente. Acontece que são passados pelo menos vinte anos para formar um bom profissional com curso superior, se a profissão não atrai interesse hoje, pode atrair amanhã, e haverá um vazio de profissionais qualificados para desempenhar a função.

Neste cenário e pela busca da eficiência e economia a universidade tende a relegar à obsolescência os cursos onde não há demanda por vagas, e o seu futuro passa a ser a extinção. Será este mesmo o caminho? Será que não existe profissão em que se busca desesperadamente por profissionais qualificados e estes continuam sendo mal remunerados e desvalorizados pelo mercado? Eu poderia citar aqui pelo menos meia dúzia de profissões em que acontece isso hoje em nosso país. Irão as universidades se curvar aos interesses imediatos do mercado e liquidar com os cursos que formam estes profissionais?

O mesmo acontece com a pesquisa e a extensão. Irá desaparecer a pesquisa sem patrocínio? Iremos todos trabalhar com vistas ao que nos pedem hoje, ou com a perspectiva do que acontecerá num horizonte de cinco, dez, e até quinze anos? É preciso um mapeamento das necessidades futuras para que possamos trabalhar com as modificações no preparo dos profissionais que treinamos hoje para estarem no ápice de suas carreiras em vinte e cinco anos.

Este mesmo raciocínio vale para toda formação profissional, não só para as universidades como para todas as carreiras técnicas de nível médio. É preciso adaptar as profissões para o futuro que se avizinha; um mundo em que a tecnologia estraçalha o contato entre pessoas, pois hoje existem mais e mais pessoas que trabalham sozinhas e em casa, é preciso que os novos profissionais estejam preparados para o empreendedorismo de ser uma empresa de empregado único.


Devido ao desprestígio de certas profissões certos cursos universitários são legados ao ostracismo, sobram vagas, e a baixa procura faz com que a busca pela eficiência entre em ação e acabe por desativá-los e eles desaparecem de nossas universidades. Com o ensino e o conhecimento sendo cada vez mais um produto a vendido como qualquer um daqueles itens de consumo em prateleira de supermercado, certas profissões tendem ao desaparecimento? Não seria mais correto mantê-las adaptando-as aos novos tempos?

A discussão está em aberto. Desde o que se fazer com as vagas ociosas, que por diversas razões sobram nas universidades públicas, até em que ritmo modernizar e abandonar as virtudes das práticas do passado. Muito ainda deve ser discutido por especialistas em educação para que o ritmo de modernização não ultrapasse os limites da ética e da valorização do ser humano.

domingo, 18 de setembro de 2011

Aumento de IPI para os importados?


O governo federal aumenta o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados em 28% dos veículos que tenham menos de 67% de componentes nacionais. Na retórica governamental é uma medida para proteger a indústria e os trabalhadores da indústria automobilística nacional. Uma medida muito louvável sob esse ponto de vista, oferecer vantagens à indústria nacional, para manter os empregos no Brasil. Mas após alguma lucubração cerebral, porque não fazer isso com toda a indústria? O que tem a indústria automobilística de especial? Porque não sobretaxar os têxteis, os calçados e o aço importados? Com a indústria têxtil, os calçados e a indústria do aço estão acontecendo a mesma coisa, a pressão dos importados inviabiliza a produção nacional.
Em recente pesquisa para a indústria metal mecânica o Prof. Germano Mendes de Paula do Instituto de Economia da UFU ressalta o prejuízo que a indústria de aços finos vem sofrendo da pirataria internacional. Não é somente a indústria automobilística que precisa ser protegida, mas toda a indústria nacional.
 Vamos analisar esta medida sob o ponto de vista do consumidor. O que estava acontecendo com os automóveis é que mesmo pagando a mesma quantidade de impostos, o automóvel importado chegava ao nosso país mais barato que o produto nacional. Isso em economia de mercado forçaria os fabricantes nacionais a baixarem seus lucros e vender os automóveis pelo mesmo preço da concorrência importada.
Portanto vejamos, um automóvel de luxo de certo fabricante multinacional, que tem fábrica no Brasil, é vendido no Brasil na faixa de R$ 80 mil a R$ 100 mil, dependendo dos acessórios, veículo idêntico, que sai da mesma fábrica no México, vendido nos EUA sai na faixa de R$ 32 mil a R$ 40 mil. Dirão os senhores, mas os EUA e México possuem acordos bilaterais de tarifa de importação zero. Detalhe, o Brasil possui com o México o mesmo acordo bilateral de tarifa de importação zero. Porque então a diferença no preço? O imposto acumulado de mais de 50%, mesmo existindo o acordo bilateral de tarifa zero. E isso acontece com todos os fabricantes multinacionais que possuem fábrica no Brasil.
O aumento do imposto dos importados agora, além de proteger a industrial nacional que vende aqui os carros mais caros do mundo, está garantindo a comercialização de carros que não teriam condições de competir com os carros que vem do exterior. Como uma moeda sempre tem duas faces, nós continuaremos a pagar caro para ter automóveis que em qualquer lugar do mundo podem ser comprados por até um terço do preço que pagamos aqui. Além de proteger a indústria nacional, o que é muito louvável, estamos aumentando impostos dos importados que competem com uma indústria que cobra muito caro pelo seu produto e que conta com a proteção do governo que também cobra impostos aviltantes de seus consumidores. Será que este aumento de tarifa dos importados não é para proteger a arrecadação de impostos escorchantes que pagamos junto com os automóveis?

A retórica do governo pegou bem, mas quem foi pego mesmo foi o nosso bolso, quem sabe agora esta medida de vazão aos milhares de carros nacionais que estão encalhados nos pátios das montadoras. A retórica pegaria melhor ainda se o governo recomendasse também às montadoras que baixassem seus preços e lucros.


Prof. José R. Camacho

Publicado no Correio de Uberlândia em 20/09/2011.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Modernizando a aposentadoria.

A experiência dos aposentados brasileiros ao longo dos anos com o Instituto Nacional de Seguridade Social não prima por oferecer dignidade social aos nossos idosos. Tornou-se muito comum ver os aposentados terem seus rendimentos corroídos pelo tempo com o beneplácito do Estado. Faz-se aqui um exercício para demonstrar que é possível sim contribuir por 30 ou 35 anos e ter salário integral na aposentadoria. Esta é uma sugestão para a mudança do regime aviltante de aposentadoria que temos hoje. Para tanto é preciso modificar totalmente a forma de regulamentar a aposentadoria.

Em primeiro lugar é obrigatório que seja possível a cada trabalhador fiscalizar de forma rigorosa o que é depositado em sua conta de aposentadoria. E é preciso que governo, empregado e empregador fiscalizem um ao outro de modo a não deixar que uma das partes quebre o acordo para depósito nesta conta.


Imagine que um(a) operário(a) trabalhe 35 (30) anos e ele(a) e seu patrão recolheram para a aposentadoria 10% cada um sobre o salário do empregado que chamaremos de uma unidade. Trinta e cinco anos são 420 salários recebidos pelo empregado. Vamos imaginar que os 20% pagos mensalmente vão para uma caderneta de poupança que rende 0,7% ao mês.

Portanto a cada ano o empregado paga uma metade e o empregador a outra da contribuição para a Seguridade Social. Desta forma um capital vai sendo acumulado para o trabalhador ir resgatando aos poucos após sua aposentadoria. Imaginamos que isso aconteça por volta dos 60 anos de idade e que como o brasileiro vive em média 85 anos ele ficará aposentado por 25 anos.


Fazendo as contas somente com a parcela depositada mensalmente e os juros irrisórios de poupança a 0,7% ao mês é possível montar um conjunto de fórmulas capazes de calcular a acumulação de capital para a aposentadoria ao longo de 30 anos para mulheres e 35 anos para os homens. Este exercício matemático é somente para que se tenha uma ideia da quantidade de capital investido e seu rendimento. 

Nessa proporção, já no primeiro ano de trabalho o montante depositado com rendimentos é de 2,29 salários, no quinto ano já são 14,65 salários e no décimo ano 37,22 salários. Pode-se observar o crescimento exponencial do capital investido em aposentadoria. No final do décimo quinto ano são 71,51 salários, no vigésimo ano são 123,64 salários, no vigésimo quinto ano são 202,85 salários, no trigésimo ano são 323,23 salários, para as mulheres, e finalmente no trigésimo quinto ano o acumulado chega a 506,17 salários para os homens.



Gráfico da evolução do pecúlio.


Observando bem esses números polpudos percebe-se porque não se muda a forma de previdência no Brasil e não se separa previdência da assistência social. Misturam-se bons e maus pagadores. Na nossa arcaica formatação conjunta de previdência e assistência social. O dinheiro acaba sendo insuficiente, um modelo candidato a todos os tipos de desvios e malversações.


Após 35 (30) anos trabalhados, lembre-se que o tempo de contribuição pode ainda ser maior que o estimado, basta que o trabalhador não se aposente e continue contribuindo para a previdência social. O rendimento médio do dinheiro pode ser também em média muito maior, pois quanto maior é o capital, melhores juros são oferecidos pelos bancos ao dinheiro aplicado. Suponha agora que o trabalhador irá receber pela sua aposentadoria um salário integral por mês, por 25 anos (300 meses) em média. A crença que se tem é que o capital irá diminuir com as retiradas para a aposentadoria, pois nenhum valor será reinvestido.


Utilizando juros de poupança de 0,7% para o capital remanescente a cada retirada mensal de um salário, e levando-se em conta uma depreciação do dinheiro de 0,5% ao mês, fizemos uma simulação acompanhando o contribuinte nesta fase, quando ele só recebe e não recolhe mais para a previdência social.


Para os homens no final do primeiro ano de aposentado, mesmo retirando um salário integral por mês, o capital remanescente é de 537,75 salários, no final de 5 anos é de 694,11 salários, após 10 anos é de 979,72 salários, e de 15 anos é de 1.413,78 salários. Observa-se ainda, que mesmo havendo retiradas há um crescimento contínuo no capital remanescente e isso se sustenta pelos próximos 10 anos da vida média do trabalhador, pois no vigésimo ano o capital remanescente é de 2.073,43 salários, e no vigésimo quinto ano é de inacreditáveis 3.075,92 salários.


Gráfico da evolução do resíduo para os homens.


Já para as mulheres é necessário trabalhar 30 anos, usando as mesmas considerações, os cálculos mostram que esta proposta é também totalmente viável. Para as mulheres, após o primeiro ano de aposentada recebendo salário integral o saldo remanescente é de 338,83 salários, no final de 5 anos é de 416,08 salários, após 10 anos é de 557,19 salários, e de 15 anos é de 771,64 salários. Observa-se um crescimento contínuo, mas mais lento no capital remanescente, do que nos caso dos homens, e isso se sustenta pelos 10 anos seguintes da vida média do trabalhador, já no vigésimo ano o capital remanescente é de 1.097,55 salários, e no vigésimo quinto ano é de também inacreditáveis 1592,84 salários.


Gráfico da evolução do resíduo para as mulheres.

Verifica-se, portanto um capital remanescente que continuará a crescer mesmo que a viúva do trabalhador continue a receber com muita folga o seu salário mensal. Desta forma conclui-se que é possível sim pagar salário integral ao trabalhador após a sua aposentadoria, contrariando a necessidade de fórmulas mágicas existentes de redução salarial ao longo dos anos. Conclui-se também que após a morte do trabalhador e de sua viúva uma quantidade enorme de dinheiro restará ainda para o governo utilizá-lo como fonte de bem estar para a sociedade, mas somente após o passamento do trabalhador e de seu cônjuge. Garantindo rendimento integral ao dinheiro arduamente investido durante toda uma vida.

Pois bem, alguém dirá, mas e os trabalhadores que se aposentam por doença ou por invalidez? Para estes casos poder-se-ia fazer um seguro com toda esta montanha de dinheiro para atender os casos daqueles trabalhadores que não consigam pagar pelo tempo regulamentar, e daqueles que se enquadrem na assistência social. O que não se pode é misturar assistência social com previdência social.

Isso é matemática pura e simples e que mostra o descalabro que assola a nossa previdência e assistência social, pois contra ela é praticado todo tipo de assalto. E a conclusão que se chega é que a previdência e assistência social devem ser modernizadas, não pela diminuição dos prêmios de aposentadoria, mas pela modificação do sistema e pela correta gerência do dinheiro aplicado na aposentadoria do trabalhador. Pois só o trabalhador é capaz de fiscalizar o que está sendo feito com suas contribuições. Verificando se as contribuições patronais bem como as suas estão indo para o fim a que se destina que é a aposentadoria após os 30 anos de trabalho para as mulheres e os 35 anos de trabalho para os homens. Isso tudo é possível, verifique você mesmo e fique estarrecido com os números.

Prof. José Roberto Camacho

UFU – Eng. Elétrica
e.mail: jrcamacho@ufu.br














domingo, 14 de agosto de 2011

O Brasil rumo à África.

A África sempre foi e sempre será um continente cheio de contrastes e mistérios. Da pobreza extrema, do imenso deserto do Saara, do apartheid que ainda existe, à riqueza das minas de diamantes na África do Sul e seus animais exuberantes nas savanas africanas. Um continente que raramente conhece a palavra paz. Todo esse contraste onde ainda os países são divididos tendo como base grupos étnicos, divisões tribais e crenças religiosas.

Como se não bastasse toda essa intranquilidade grande parte do continente africano é ainda assolado pela seca e pela fome. Não podemos nos virar de costas para as crianças esquálidas e para o choro das mães que somente esperam pela morte de seus filhos. Acontece que a fome e seca não são produtos da meteorologia, mas de uma conjunção perversa de política e de guerras.

Em certos países como a Somália (campo de Badbaado), a Etiópia (região do Ogaden) e no Quênia o povo esquálido se move pela terra seca de riacho em riacho e de poça d’água em poça d’água em guerra diária pela sobrevivência. Os campos de refugiados se multiplicam e crescem em ritmo alucinante.

O que será de ti África? Agora que os países da rica Europa e América do Norte não são mais tão ricos e em solidariedade monetária procuram afastar a alfanje da bancarrota financeira. Não será que estamos num momento propício para aprendermos a lição e procurarmos exercitar a solidariedade tecnológica e exportarmos o conhecimento para a busca de soluções para a fome, a seca, a política e as guerras em solo africano?

São campos de refugiados que chegam a ter mais de 400 mil pessoas e que só tem comparação com os campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial, pois a miséria é tanta que é o local onde famintos se reúnem na solidariedade a esperar pela morte. A mídia documenta que o silêncio nestes campos é aterrador, onde o choro de crianças é raro, o mais básico instinto infantil foi ali derrotado pela incapacidade humana de discernir o que é e o que não é importante.

Este continente de contrastes oferece oportunidades de levarmos a eles toda a tecnologia que hoje temos para a produção de alimentos. É preciso que organismos transnacionais criem condições de diálogo entre as nações para espantarmos de vez a morte pela fome e pela sede. Não é possível que assistamos impassíveis países inteiros serem dizimados, enquanto seres humanos constroem cidades turísticas de sonho e luxo como Dubai e Abhu Dabi, Luanda em Angola seja a cidade mais cara do mundo, onde tudo é escasso e é cotado a peso de ouro.

Mas felizmente grandes perfumes sempre surgem em pequenas quantidades e foi como uma agradável brisa fresca que a mídia escrita traz hoje uma manchete que sem dúvida se seguida como exemplo por outras nações poderá representar a esperança da África. Moçambique oferece ao Brasil a área de três estados de Sergipe (seis milhões de hectares) para o cultivo de soja, algodão e milho por 50 anos. Em troca os brasileiros pagam um imposto anual de R$ 21,00 por hectare. O governo de Moçambique procura os brasileiros devido a sua experiência no cerrado e quer que a nossa tecnologia repita na África a mesma revolução que aconteceu aqui no Brasil há 30 anos.

Espero que nossos agricultores, os governos e as agências internacionais saiam da letargia típica dos bem aquinhoados e como no exemplo citado criem condições para que acordos entre países possam ser estabelecidos e possamos exportar nosso conhecimento para quem passa fome e sede. Movidos pelo fato de estarmos preparados para bater recordes de produtividade em nosso país, que tal darmos o exemplo e oferecermos nossa solidariedade ao mundo?

Prof. José Roberto Camacho

Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Engenharia Elétrica
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Energias Alternativas
http://www.camacho.prof.ufu.br


Publicado no Jornal O Correio de Uberlândia em 19 de Agosto de 2011.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os Serviços Públicos e as PPPs.

Que surpresas reservam a todos nós as PPPs (Parcerias Público-Privadas) para o preço dos novos serviços em nosso país?  O governo sinaliza que a modernização dos aeroportos passa pelo interesse da iniciativa privada em ser sócia do governo nessa empreitada. Para que esse interesse se materialize é preciso que os gestores da coisa pública provem aos empresários que a taxa de retorno do capital investido para esses empreendimentos é atraente. Ora, atraente para eles, mas talvez nem tanto para nós que pagamos a conta em sua totalidade.


Circula na mídia do país que o governo brasileiro não fará reformas ou construirá novos aeroportos sem a parceria do empresariado. Neste cenário resta ao consumidor começar a rezar para que as taxas de embarque desses novos e velhos e reformados aeroportos não cresçam em demasia para viabilizar a famosa taxa de retorno do capital investido. Mais um pedágio a ser pago pelo consumidor para ter serviço de qualidade.

Parodiando um colega de profissão que esteve como professor visitante estrangeiro em nossa universidade, perguntei a ele ao fim de seu período em nossa instituição, qual era a impressão que levava de nós brasileiros após sua experiência de um ano aqui no Brasil. Ele me disse que em “marketing” somos nota dez, um povo alegre, cativante e muito musical. Mas quando se trata de trabalhar em equipe e conservar o que está feito somos um verdadeiro pesadelo. Como exemplo ele me citou o nosso patrimônio histórico, com o qual ele e a família ficaram maravilhados, principalmente os casarões e igrejas inspirados no período colonial brasileiro. Mas pesarosos com a falta de conservação, uma prova que temos pouco apreço pelo passado.

Ao visitar cidades como Recife e Olinda em Pernambuco e Ouro Preto, Mariana e Diamantina em Minas Gerais ele ficou entristecido com a falta de manutenção de todo nosso patrimônio herdado do período colonial. Ou seja, com pouca observação ele concluiu que somos ótimos para construir e péssimos para manter. Sob esta ótica e levando ao limite do infinito, chegamos à conclusão que o nosso país terceirizará todo o serviço de manutenção em nosso país, desde as rodovias até a conservação de prédios públicos, praças, parques e a manutenção da ordem pública. Manutenção da ordem pública que em grande parte já está nas mãos das empresas privadas de segurança. Aí vem aquela pergunta que não quer calar, seria o país capaz de viver sem esses serviços?

Após a terceirização dos aeroportos virá a da saúde, a da segurança, a das rodovias e sua manutenção que já estão sendo lentamente privatizadas junto com a modernização da malha rodoviária, sem falar nas escolas em todos os níveis e por aí vai. Será que estamos preparados para, além de pagar essa quantia escorchante de impostos, arcar também com as novas taxas cobradas pela privatização de tudo?

O interessante é que em certos países, muito mais antigos que o nosso, o estado assume para si o cuidado com o bem estar do cidadão, e honra os pesados impostos recebidos. Em nosso caso nem os pesados impostos é motivo para que sejam ofertados serviços públicos de qualidade, quaisquer que sejam eles.

Prof. José Roberto Camacho
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Elétrica
http://www.camacho.prof.ufu.br

domingo, 24 de julho de 2011

A professora disse tudo.

O cenário é a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte e trata da audiência pública sobre o cenário atual da educação naquele estado, a professora Amanda Gurgel é chamada à tribuna para contribuir na discussão para a solução dos problemas da educação naquele estado. Professora corajosa essa, que atira na cara do estado que a responsabilidade pela pobreza cultural de nossa escola pública, não é só dos professores, mas de todos nós e dos dirigentes do estado que ficam só na retórica de melhorar a qualidade da educação.

A professora inicia a sua fala mencionando os números com três dígitos que representam o seu salário, e o que ele significa para a dignidade dela e de sua família. O professorado já não aguenta mais os pedidos de paciência dos dirigentes educacionais, que adiam constantemente a solução de problemas que se multiplicam por anos a fio e que levam a escola de primeiro e segundo grau para o caos.

É público e notório que um professor da rede pública só consegue um salário digno se multiplicar as jornadas de trabalho, muitos deles trabalham de manhã, à tarde e á noite cinco dias da semana, relegando a um segundo plano o tempo livre que teria para preparar aulas, se reciclar e até dedicar à sua família. Com os finais de semana sendo dedicados em casa à estas atividades. Transformar o professor de primeiro e segundo graus em sobrevivente é um grave erro que estamos praticando com a educação de qualidade. E o pior é que esta prática está sendo passada aos níveis superiores.

Precisamos sair da retórica à prática, é preciso oferecer educação pública de qualidade a todos os brasileiros  para que efetivamente o Brasil seja um país de oportunidades. Mas para tanto é necessário que se resgate a dignidade do professor, pois com esse exemplo qual é o jovem que vai querer abraçar a carreira de professor? Basta observar o número de estudantes que buscam cursos superiores de licenciatura em nosso país, com tal desprestígio estes cursos estão literalmente fechando as suas portas pela falta de estudantes dispostos a abraçar a nobre carreira.

Vamos então fazer uma abstração de como seria o mundo sem professor. Se não existir o professor, não vai existir a escola, se não existir a escola voltaremos todos à época dos aborígenes que passam em casa de pai para filho tudo o que aprenderam na vida. Talvez se voltássemos um pouco às raízes, acabaríamos descobrindo que parte do problema também é este, uma grande porcentagem dos pais não acompanha o estudo dos filhos na escola, e nem se preocupam com o desempenho escolar deles. Parte da educação dos filhos cabe aos pais, pois devem participar e acompanhar o que se seus filhos estão aprendendo na escola.

A culpa deste estado de coisas é de todos nós que coniventes aceitamos passivamente a deterioração do ensino, junto com a deterioração da segurança, dos hospitais e de tudo que está à nossa volta. Cabe a nós rejeitarmos de forma veemente, e deixar claro para quem recebe os nossos impostos, que queremos que eles sejam utilizados para o que é do nosso interesse. Pois uma boa escola forma cidadãos mais conscientes e mais preparados, que como a Profa. Amanda Gurgel não aceitarão serem tratados com descaso pelos espertalhões encastelados nos corredores do poder.

É claro que a Profa. Amanda Grugel nunca será convidada para ser a Secretária de Educação de seu estado, mas de uma coisa ela pode estar certa, foi lúcida, direta e conta com a admiração de toda uma nação, pois mostrou aos poderes de plantão que os professores sabem o que é necessário para a verdadeira transformação da educação. É só escutá-los e colocar em prática.  

domingo, 5 de junho de 2011

Energias alternativas, o gasoduto e o respeito ao meio ambiente.

As forças vivas de nossa cidade fazem um esforço para estender um ramal do gasoduto Bolívia - Brasil até Uberlândia, à primeira vista este parece ser um anseio legítimo da indústria da cidade e região. É preciso, entretanto considerar os impactos nocivos ao meio ambiente no que tange à faixa de servidão do gasoduto, desapropriações, custo de manutenção das instalações para viabilizar um combustível poluente e não renovável, e que ainda está sujeito aos instáveis humores da política no país vizinho. Que pode ameaçar fechar a torneira a qualquer momento assim que julgar que o preço do gás esteja abaixo do esperado, sempre com a retórica do imperialismo, como já aconteceu no governo anterior.

Em nossa cidade existem muitas alternativas ainda pouco exploradas para incremento na matriz energética local, para tanto basta observar o que é possível ser feito na área de energias alternativas, os gases provenientes do aterro sanitário de Uberlândia pode se transformar em importante fonte de energia, além disso, podemos ainda considerar as estações de tratamento de esgoto e todo o metano produzido por seus biodigestores, hoje queimado sem nenhum aproveitamento. Esta é uma importante fonte de energia que pode e deve ser agregada a esta matriz energética.

Devemos ainda considerar programas governamentais que estimulem a instalação de sistemas solares de aquecimento de água em residências, grandes condomínios, hospitais, indústria, tanto para as instalações novas como para aquelas que estejam sendo reformadas em nossa cidade. Criar mecanismos de estimulo ao financiamento de sistemas de geração alternativa de energia distribuída, para que além dos condomínios de baixa renda a classe média pudesse entrar fortemente e com mais facilidade num programa de energia alternativa.

Pode ser agregada a esta matriz energética o biodiesel, não podemos nos esquecer que Rudolf Christian Karl Diesel patenteou o motor que leva o seu nome em 1897 e no projeto original era para que ele utilizasse óleo vegetal. Em 1912 uma declaração do próprio Diesel revela sua intenção inicial: - O uso de óleos vegetais como combustível pode parecer insignificante hoje, mas tais óleos podem se tornar ao longo do tempo, tão importantes quanto o petróleo e o carvão de hoje. 

Se não é possível convencer instituições financeiras a oferecer juros baixos para instalações de energia alternativa, talvez fosse possível premiar o cidadão comum, o industrial e o comerciante, com algum tipo de isenção fiscal ou desconto pela adoção da energia alternativa em sua residência, indústria ou estabelecimento comercial. Fazendo com que as instalações utilizem sistemas solares de aquecimento de água e instalações fotovoltaicas para produção de energia elétrica venham a fazer parte do nosso cotidiano.

Além da adoção das soluções acima é preciso criar programas para o descarte de matéria prima usada respeitando as questões ambientais. É preciso que nossa cidade e região tenham programas consistentes de descarte e reciclagem de materiais diferentes do lixo orgânico, papel e vidro que são mais frequentemente encontrados em nosso lixo, tais como: celulares, baterias de todos os tipos, medicamentos vencidos, óleo de cozinha, cartuchos de impressoras, pneus, lâmpadas de todos os tipos, computadores, papel fotográfico de raios X, plásticos de todos os tipos, aparelhos eletrônicos, metais e etc.

Tudo isso pode ser retirado da natureza e muitos deles são compostos de materiais nobres que quando reciclados e reaproveitados valem verdadeiras fortunas. Esperamos para breve que um forte programa de conscientização seja dirigido a toda a população para que esta tenha conhecimento de para onde levar estes materiais para que não sejam destinados aos aterros sanitários e lá contaminem o meio ambiente e os nossos lençóis de água subterrânea.

Prof. José R. Camacho
UFU - Eng. Elétrica
jrcamacho@ufu.br

Publicado na seção Ponto de Vista do Correio de Uberlândia em 25/08/2010.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O direito de ir e vir.


Ao tomar conhecimento dos planos futuros para o deslocamento de pessoas em nossa cidade, fica impossível não criticar a visão de curto prazo do planejamento urbano municipal embutido nos novos projetos. O poder público municipal continua privilegiando o transporte individual ou de pequena escala em detrimento de meios de transporte ecologicamente corretos e que contribuam para um menor impacto ambiental.

A cidade vislumbra em futuro próximo uma população de um milhão de habitantes, enquanto a cidade cresce, deveria surgir junto com ela o aproveitamento das largas avenidas para implantação de um eficiente sistema de transporte metropolitano de superfície. Um sistema com veículos mais silenciosos e menos poluentes que os ultrapassados ônibus que circulam hoje em nossa cidade. Privilegiar a circulação de pessoas a pé ou em ciclovias nas grandes cidades é uma necessidade.

Um sistema de transporte eletrificado metropolitano leve de superfície pode ter um investimento inicial alto, mas a confiabilidade e durabilidade são muitas vezes maiores que o seu concorrente de baixo custo.  Sem falar na manutenção muito mais barata, em intervalos muito maiores e com um numero muito maior de passageiros transportados por viagem, uma vez que uma composição pode ser interligada por até três carros.

Apesar do sucesso dos sistemas de metro na Europa após a segunda guerra mundial nas décadas mais recentes se observa uma escassez de fundos governamentais para projetos de transporte de massa em larga escala, isto força as cidades a desenvolver abordagens alternativas para o transporte público. O termo “trem leve de passageiro” foi usado pela primeira vez em 1972 para descrever um serviço com sistemas de trens leves de menor capacidade do que os tradicionais sistemas de metrô, operando principalmente em rotas de superfície muitas compartilhando o trafego nas ruas, evitando os altos custos associados com a construção de linhas subterrâneas.

Seria interessante pesquisar o transporte metropolitano leve eletrificado de superfície construído em cidades como Sydney (Australia), Atlanta, Boston, São Francisco e Filadélfia (EUA), Porto (Portugal) e muitas outras cidades de médio porte na Europa transformaram as antigas linhas de bondes em modernos sistemas de trens leves.

Intervenções feitas hoje em nossa cidade afetarão e podem até inviabilizar este tipo de solução uma vez que viadutos, pontes e trincheiras construídos hoje se transformam em obstáculos futuros para a adoção de um determinado tipo de solução. Planejamento urbano se faz em curto, médio e longo prazo. Uma importante preocupação de planejadores urbanos é, ou deveria ser, se as medidas adotadas hoje não inviabilizarão as melhores soluções daqui a cinco ou dez anos?

Soluções ecologicamente mais atraentes são bastante divulgadas pela mídia, ou seja, não faltam pessoas que concordem que estamos caminhando para uma situação insustentável, mas o que se observa é que do discurso à prática existe uma distância muito grande. A maioria das pessoas concorda que é necessário intervir e modificar a forma de ir e vir nas grandes cidades. Mas o interessante é que quando as cidades ainda estão em crescimento, e um dia elas serão grandes, não surge nenhum planejamento para pensar a forma de ir e vir no futuro. Como será a nossa forma de ir e vir após o milhão de habitantes? A mesma?


Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 06/05/2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Brasil e os Imigrantes


No final do século XIX, começo do século XX o Brasil abre as portas à imigração estrangeira, naquele momento o país reconhecia que era muito grande para a população que possuía. Uma série de fatores mundiais contribuiu para que o nosso país se tornasse atraente para muitos miseráveis ao redor do mundo no começo do século passado, todos eles vítimas de guerras, revoluções, catástrofes econômicas ou simplesmente da falta de oportunidade em seus países de origem.

Buscando novos horizontes vieram Japoneses, Italianos, Espanhóis, Alemães, Poloneses, Ucranianos, e tantas outras nacionalidades, sem mencionar os Portugueses que estão aqui desde o descobrimento. A todos o Brasil acolheu como a "terra prometida". Em contrapartida o trabalho de sol a sol destes imigrantes ajudou a transformar o país, e seus filhos passaram a ser chamados de brasileiros. Conheço histórias de imigrantes que chegaram ao Brasil em 1929, vieram com muita vontade de trabalhar e alguns baús onde reuniam o pouco que possuíam; além da família, algumas roupas e ferramentas agrícolas.

Viagem longa no navio Almirante Alexandrino do Lloyd Brasileiro, vinte dois (22) dias no mar para cruzar o Atlãntico Sul, uma viagem que se faz hoje de avião em no máximo 12 horas. Viajavam na terceira classe, que é aquela mais próxima do porão. Para dar de comer à familia, a matriarca do clã lavava as roupas do capitão, pelo menos naqueles dias o sustento estava garantido. Após o desembarque em Santos a realidade seria outra e talvez a caridade local e os conterrâneos que já estavam na terra prometida haveriam de ajudar. Trabalharam de sol a sol e 31 anos depois o Brasil os fez ricos com uma enorme e maravilhosa família, esta terra abençoada, Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, foi para eles à época o porto seguro num mundo conturbado. Esta é uma história que com pequenas diferenças se aplica a todas as nacionalidades que se abrigaram em nosso país e aqui consolidaram família e futuro.

O mais empolgante é que quando se busca por estes fragmentos perdidos de nossa história familiar, você acaba desembarcando no "Memorial do Imigrante" em São Paulo, para onde vinham de trem os estrangeiros que desembarcavam em Santos. É um conjunto de prédios antigos, que hoje se encontra em processo de restauro e deve assim continuar até o fim de 2011, este projeto procura resgatar um pouco da história daqueles que adotaram esta terra como a sua própria pátria. Tanto adotaram esta terra que acabaram ficando plantados aqui para a eternidade.

Aí você se transporta para o século passado e entre fotos, objetos da época e a "memorabilia" recolhida com famílias de imigrantes se percebe toda a dificuldade daqueles dias, e todo o sacrifício em busca de um mundo melhor, o mundo que estamos vivendo hoje. Naqueles rostos sofridos que chegavam à "Hospedaria dos Imigrantes", como o local era chamado na época, esperava-os a hospitalidade de um Brasil em que havia muito por fazer. Tomar um banho quente, cortar o cabelo e fazer a barba eram luxos que para muitos não eram vistos há pelo menos um mês.

Estas linhas foram escritas em atenção ao historiador uberlandense senhor Antonio Pereira da Silva que ao publicar seu livro "Velhos Italianos do Uberabinha", sobre a imigração italiana em nossa cidade e região, resgata fatos para a história e rende homenagem a todos os imigrantes que vieram para o Brasil quer seja no Triângulo das Minas Gerais, em São paulo, e em outros estados. Tributo também à forte contribuição desses imigrantes para a nossa cultura, para a gastronomia e para educar o nosso povo à aceitação de novos usos e costumes, tornando o país mais tolerante às diferenças culturais e religiosas. Hoje em nosso país convivem todas as nacionalidades com o objetivo de paz e prosperidade.

Não esquecer os imigrantes e seus descendentes é muito importante, pois o que foi realizado por eles se arraigou de tal forma em nossa cultura que hoje é impossível retirá-los de nossas entranhas. Conhecer o passado é entender o presente e se preparar para o futuro, pois a vida se renova e é sempre bom lembrar que a história se repete e novos imigrantes chegam ao Brasil todos os dias para renovar a nossa história.

Prof. José R. Camacho

sábado, 15 de janeiro de 2011

A cidade e o meio ambiente.


Neste início de ano, em sua primeira visita à Uberlândia, o Governador Antonio Anastasia vem dar  início a obras de infraestrutura. A mídia divulga modificações viárias na cidade anunciando a construção de novos viadutos e intervenções na Avenida Rondon Pacheco, passando também pelo lançamento da pedra fundamental  de um "condomínio ecológico" com 3,5 mil apartamentos do programa "Minha Casa, Minha Vida".

A partir desta notícia é preciso que sejam feitas algumas reflexões sobre o que é divulgado na mídia. Um pouco de cautela e a necessária consulta popular é sempre desejável em projetos que causam impacto em toda a população que tem que se locomover entre o centro da cidade e seus bairros. É também imprescindível conhecer o impacto ambiental de certas medidas visto que a Avenida Rondon Pacheco encontra-se em um vale e está sobre o córrego São Pedro, um importante afluente do Rio Uberabinha. 

Circulam os boatos, à boca pequena, que o plano é construir mais dois ou três viadutos sobre a avenida, além do alargamento das pistas em mais uma faixa de rolamento de cada lado. A percepção que se tem, à distância, é que os projetos já estão sendo feitos e nenhuma consulta popular foi posta em prática. Grandes cidades no Brasil já começam a pensar em reduzir o espaço para veículos criando medidas para que forcem a população a utilizar transporte de massa. Em nossa cidade ainda estamos na fase de aumentar espaço para os veículos retirando espaço do homem.

Com estas medidas, praças e canteiros de avenidas são reduzidos, pistas laterais espremidas, isto feito em vales naturais onde a natureza designou que ali haveria um rio, que durante os períodos das chuvas extravasaria em até quatro ou cinco vezes a sua vazão em períodos de seca. Particularmente a referida avenida já esteve no noticiário local e nacional em períodos de fortes chuvas que causaram inundações, prejuízos públicos e privados, além de perdas preciosas de vida humana. É deveras preocupante o fato de projetos estarem sendo desenvolvidos e ainda não se ouviu falar na mídia em consulta popular sobre o assunto.

O que se espera é que antes que estas obras sejam iniciadas ou até aprovadas, se já não o foram, que os gestores públicos se acautelem e consultem a população sobre estas obras que irão causar impacto de uma maneira ou de outra em toda a população que se utiliza dos meios de transporte existentes em nossa cidade. Mais importante que isso é, qual o impacto que estas intervenções causarão em nossa cidade  ao longo das estações do ano? As previsões meteorológicas indicam que os verões daqui para frente virão com chuvas de dimensões amazônicas.

De muita cautela devem se munir os gestores, pois as modificações no clima estão acontecendo em um velocidade jamais imaginada, e é necessário certo planejamento tendo em mente os impactos que as mudanças no clima, e no regime de chuvas terão sobre estas obras em certo espaço de tempo. Uma forma de minimizar os riscos de uma obra que a médio prazo pode se tornar uma dor de cabeça para as futuras administrações é a combinação da solução viária com a melhoria de obras de infraestrutura, como o gerenciamento de escoamento de águas pluviais.

A consulta pública e a consultoria com órgãos independentes multidisciplinares podem contribuir para que essas obras sejam acompanhadas de intervenções que visem minimizar o efeito das modificações climáticas que estão por vir. A previsão é de que chuvas cada vez mais fortes e intensas ocorram em todas as regiões do país, estas ocorrências por certo exigirão uma mudança comportamental dos planejadores comunitários para que não tenhamos prejuízos futuros com o que está sendo projetado agora.


A consulta à população precisa ser feita, pois os que se sentirem afetados e aqueles que vislumbram potenciais riscos de insucesso para o empreendimento tem espaço para se manifestar. Fica aí então a sugestão para que os nossos gestores municipais busquem o apoio da população para que sejam executadas de forma participativa as obras que a cidade tanto necessita.

Prof. J.R. Camacho
UFU - Eng. Elétrica
jrcamacho@ufu.br

Publicado na Seção Ponto de Vista do Jornal Correio de Uberlândia do dia 19/01/2011.