quinta-feira, 7 de junho de 2012

Greve e Eleições na Universidade Federal.


Não é meu feitio discutir, política, futebol ou religião. Entretanto nota-se uma dupla efervescência política de grosso calibre na Universidade Federal de Uberlândia. A primeira diz respeito a reformas na política salarial e de carreira dos servidores federais, empurradas solenemente com a barriga pelo Ministério da Educação com a cumplicidade do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Este trabalho em conjunto para esfriar reivindicações de professores vem desde o final do governo Lula da Silva e se estende até os dias atuais no governo Dilma Roussef. A paciência se esgotou com a falta de respeito a uma classe que tem gente tão ou até mais qualificada que os ministros do Supremo Tribunal Federal e é a que tem a pior remuneração de todos os servidores federais. O discurso de comprometimento com a educação pública, portanto não se sustenta.

A segunda efervescência vem da eleição para Reitor, que deve estar decidida até Novembro deste ano, se agitam professores, funcionários e estudantes. Em contraponto com o marasmo nas salas de aula a universidade regurgita com a expectativa das eleições. Uns preocupados efetivamente com os rumos da Universidade, outros preocupados com os ganhos imediatos e vantagens e desvantagens pessoais da eleição deste ou daquele candidato. É legítimo e democrático que todos os membros da comunidade da Universidade discutam e argumentem à exaustão os prós e contras desta ou daquela chapa.

Não é democrático nem legitimo tentar tapar o sol com a peneira e passar por uma eleição sem que sejam discutidos os verdadeiros problemas da Universidade. A universidade tem sistemas arcaicos de licitação e de relacionamento com o comércio e a indústria da região que precisam ser modernizados, ela tem sérias dificuldades legais para transformar ideias em produtos, bem como prestar serviço à comunidade.

A universidade tem que estimular seus servidores a se aperfeiçoarem, independentemente se é professor ou não. A Universidade precisa de uma página na internet que seja um espelho do que realizamos aqui, e que possa ser lida por pessoas de quaisquer nacionalidades. Nossos estudantes que fazem uso de programas de mobilidade internacional têm sérias dificuldades ao serem avaliados com base em sua instituição de origem.

É lógico que existe uma distância entre o discurso e a prática, mas quando ambas estão muito distantes uma da outra é preciso que se encontre um grupo de pessoas que estejam em primeiro lugar preocupadas com o ônus e depois interessadas no bônus do cargo que ocupam. Cabe, portanto a todos os membros pertencentes aos três segmentos da comunidade universitária, docentes, discentes, e funcionários, buscar em primeiro lugar, não o candidato a reitor, mas a equipe de trabalho mais comprometida com um futuro melhor para esta Universidade.


É preciso que se misture o discurso ufanista do crescimento acelerado, mal planejado e com recursos incertos, com aquele ponderado e com os pés no chão com o conhecimento de causa dos problemas que acompanham por décadas as universidades. Quanto à greve, desejamos do fundo da alma que o governo pratique negociação com os professores que começam a achar que a educação é “bananeira que já deu cacho” e que venham as eleições sendo escolhido o melhor para a instituição.


Publicado na Coluna Opinião - Jornal: Gazeta do Triângulo
Data: 13/06/2012 - Quarta-feira

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