Não é meu
feitio discutir, política, futebol ou religião. Entretanto nota-se uma dupla efervescência
política de grosso calibre na Universidade Federal de Uberlândia. A primeira
diz respeito a reformas na política salarial e de carreira dos servidores
federais, empurradas solenemente com a barriga pelo Ministério da Educação com
a cumplicidade do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Este trabalho
em conjunto para esfriar reivindicações de professores vem desde o final do
governo Lula da Silva e se estende até os dias atuais no governo Dilma Roussef.
A paciência se esgotou com a falta de respeito a uma classe que tem gente tão ou
até mais qualificada que os ministros do Supremo Tribunal Federal e é a que tem
a pior remuneração de todos os servidores federais. O discurso de
comprometimento com a educação pública, portanto não se sustenta.
A segunda
efervescência vem da eleição para Reitor, que deve estar decidida até Novembro
deste ano, se agitam professores, funcionários e estudantes. Em contraponto com
o marasmo nas salas de aula a universidade regurgita com a expectativa das
eleições. Uns preocupados efetivamente com os rumos da Universidade, outros
preocupados com os ganhos imediatos e vantagens e desvantagens pessoais da
eleição deste ou daquele candidato. É legítimo e democrático que todos os
membros da comunidade da Universidade discutam e argumentem à exaustão os prós
e contras desta ou daquela chapa.
Não é
democrático nem legitimo tentar tapar o sol com a peneira e passar por uma
eleição sem que sejam discutidos os verdadeiros problemas da Universidade. A universidade
tem sistemas arcaicos de licitação e de relacionamento com o comércio e a
indústria da região que precisam ser modernizados, ela tem sérias dificuldades
legais para transformar ideias em produtos, bem como prestar serviço à
comunidade.
A universidade
tem que estimular seus servidores a se aperfeiçoarem, independentemente se é
professor ou não. A Universidade precisa de uma página na internet que seja um
espelho do que realizamos aqui, e que possa ser lida por pessoas de quaisquer
nacionalidades. Nossos estudantes que fazem uso de programas de mobilidade
internacional têm sérias dificuldades ao serem avaliados com base em sua
instituição de origem.
É lógico que
existe uma distância entre o discurso e a prática, mas quando ambas estão muito
distantes uma da outra é preciso que se encontre um grupo de pessoas que estejam
em primeiro lugar preocupadas com o ônus e depois interessadas no bônus do
cargo que ocupam. Cabe, portanto a todos os membros pertencentes aos três segmentos
da comunidade universitária, docentes, discentes, e funcionários, buscar em
primeiro lugar, não o candidato a reitor, mas a equipe de trabalho mais
comprometida com um futuro melhor para esta Universidade.
É preciso que se misture o
discurso ufanista do crescimento acelerado, mal planejado e com recursos incertos,
com aquele ponderado e com os pés no chão com o conhecimento de causa dos
problemas que acompanham por décadas as universidades. Quanto à greve,
desejamos do fundo da alma que o governo pratique negociação com os professores
que começam a achar que a educação é “bananeira que já deu cacho” e que venham
as eleições sendo escolhido o melhor para a instituição.
Publicado na Coluna Opinião - Jornal: Gazeta do Triângulo
Data: 13/06/2012 - Quarta-feira
Publicado na Coluna Opinião - Jornal: Gazeta do Triângulo
Data: 13/06/2012 - Quarta-feira
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