sábado, 2 de janeiro de 2010

E se Lula fosse ferroviário?

Esta é uma reflexão sobre o transporte de carga no Brasil. Estaria Lula orgulhoso do que o Brasil tem feito com o transporte de carga em nosso país se ao invés de metalúrgico ele fosse um ferroviário? Creio que não há motivo para os ferroviários e ex-ferroviários elogiarem este governo e os governos em passado próximo e distante. Nossas ferrovias agonizam, enferruja a nossa história em pátios ferroviários pelo Brasil, basta fazer uma visita às importantes cidades que no passado viviam do transbordo de cargas e passageiros em nossas outrora movimentadas ferrovias.
    As ferrovias brasileiras começaram a surgir no Brasil com Dom Pedro II em 1854 com sua Estrada de Ferro Leopoldina, elas possuem hoje 29.798 de linhas trafegáveis, dos quais 10.000 km foram construídos pelo próprio imperador, uma extensão pífia para um país de dimensões continentais como o nosso, boa parte da malha ferroviária concentra-se em três estados: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Apesar de um custo fixo de implantação e manutenção elevado, o transporte ferroviário apresenta uma grande eficiência energética e baixo impacto ambiental, principalmente as ferrovias eletrificadas. Mesmo em processo de continuo sucateamento desde a era Getúlio Vargas, no Brasil o transporte sobre trilhos representa aproximadamente 19,46% da matriz de cargas e 1,73% da matriz de passageiros, incluindo transporte por metrô.
    O Brasil a partir da década de 60 do século passado concentrou seus esforços na construção de uma malha rodoviária mais ágil e eficiente, a questão é que as rodovias encarecem o transporte de carga, principalmente para grandes volumes e grandes distâncias. Sem mencionar o fato que faltam bons trens de passageiros, que liguem as maiores cidades entre si, para que possamos explorar com linhas de turismo em sua total plenitude as nossas belezas naturais. Imagine o potencial turístico de uma linha ferroviária de passageiros entre Aracaju e Fortaleza pelo litoral.
    Se comparada com a malha rodoviária que hoje possui cerca de 155.000 km, percebe-se a diferença gritante em extensão entre ambas. Perguntas que não querem calar são: Porque o Brasil se esqueceu das ferrovias? Elas não são lucrativas? Um programa de estimulo às ferrovias hoje, com a mesma visão estratégica que Juscelino Kubitschek de Oliveira teve para com a industria automobilística na década de 60, seria de uma importância capital para um país tão grande que não quer mais dormir em berço esplêndido.
    Estamos na era dos trens de alta velocidade, na Europa e na Ásia trens trafegam a mais de 400 kms por hora, sem mencionar que as tecnologias atuais permitem que os trens de levitação magnética se elevem sobre os trilhos e atinjam velocidades que ultrapassam os inimagináveis 700 kms/h. Desta forma seria possível percorrer a distancia entre São Paulo e o Rio de Janeiro em menos de uma hora e meia de viagem. O que permitiria mais uma opção de transporte entre estas duas cidades que já possuem o sistema rodoviário e aeroviário por demais congestionados. 
     O Brasil um gigante rodoviário, precisa se transformar também em gigante ferroviário, com uma malha que interligue as diversas regiões do país, propiciando maior facilidade ao transporte intermodal com sua total integração ao sistema de transporte do país. Esta é a hora de se cobrar da nossa classe política um grande plano ferroviário para o Brasil.

Publicado no Jornal "Gazeta do Triângulo" de Araguari na quinta-feira, 14/01/2010.

Um comentário:

Andréa disse...

Adorei o texto! Plano ferroviário; tudo que o Brasil precisa...