Escrever sobre
tema tão complexo é algo delicado. Pois o poder significa ter domínio sobre as
coisas ou pessoas, é ser capaz de decidir sobre que consequências essas
decisões irão ter. Possuir essa capacidade é algo inebriante, é como estar
sobre o efeito de drogas alucinógenas, pois neste mundo do poder quase sempre o
que parece não é. Neste mundo se alguns têm poder e muitos não o têm, a
sociedade passa a viver a serviço de poucos. Embora o discurso quase sempre
seja de que a sociedade e a comunidade devem servir a todos na mesma proporção.
Nossa sociedade infelizmente é dirigida pelo poder dos que têm a controlar os
que não têm, uma batalha diária pela igualdade social que aparece quase sempre
no discurso diário de todos, mas na prática é algo muito diferente.
Parecemos
todos com aquele coelho que tem uma cenoura presa na sua cabeça a alguns
centímetros de sua boca e que corre desesperadamente para alcançá-la. A cenoura
é a verdadeira representante daqueles nossos sonhos que sempre insistem em dar
quatro passos adiante quando caminhamos dois em sua direção. O poder de certa
minoria que consegue tudo em detrimento da maioria é o que corrói a sociedade
capitalista, a ambição sem medida e o desejo de poder de poucos discrimina
aqueles que pouco ou quase nada tem. Ter ambição é algo saudável, pois ela nos
faz progredir. Mas ser ambicioso ao ponto de ser desonesto e ignorar leis e
regras é algo doente que merece muito cuidado e observação.
O poder
corrompe, diz o ditado popular, mas talvez mais importante que ter poder é
saber dosá-lo a ponto de o poderoso ter consciência do quanto seus atos afetam
a vida de outras pessoas que às vezes nada tem a ver com suas decisões. O poder
pode modificar vidas, destruir sonhos e aspirações; mas o poder nas mãos do
sábio e cauteloso pode construir e produzir bens inimagináveis. Esta
elucubração filosófica sempre nos remete ao poder de decidir dos políticos e
legisladores. Portanto é muito importante que ao escolher nossos representantes
tenhamos consciência e o cuidado de que não dar nosso aval a um psicopata que
será hipnotizado pelo canto da sereia. Ter o poder é se cobrir de
responsabilidade e representar com dignidade aqueles que te incumbiram de tal
missão. Ter o poder é saber que junto com o bônus veem o ônus da missão que
deverá ser bem desempenhada.
A ambição pelo
poder costuma cegar o individuo e ele não consegue enxergar além do seu
objetivo maior que é exercer o controle que sempre almejou. O individuo não tem
tempo para pensar que quando tem o poder ele o tem delegado pela comunidade que
representa, e a ela deve prestar contas de suas decisões. É muito comum que
decisões sejam tomadas não em prol de toda comunidade, mas de um grupo de
indivíduos próximos do poderoso e que pretensamente o ajudaram a chegar até o
tão almejado posto.
Este é um erro primário
geralmente praticado por quem tem pouca visão de futuro, porque mesmo que ele
não tenha sido guindado ao posto de poder por toda a comunidade ele deveria
desempenhar bem sua tarefa para convencer seus opositores de que estavam
enganados e ele era a pessoa certa para o posto. Mas não é assim que funciona a
mente dos poderosos, eles sempre querem se aproveitar do tempo que tem no poder
para usufruir o máximo das benesses da posição que ocupam. E o poder não aceita
críticas, nem que sejam construtivas, pois existe sempre o argumento que quem
critica o faz simplesmente por ser opositor. Por isso o poder não é para
qualquer um, mas sim para aqueles que têm o desprendimento e a sabedoria de
entender sua transitoriedade.
Publicado na Coluna Ponto de Vista
Jornal Correio de Uberlândia
Em 09/12/2013
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