quarta-feira, 13 de março de 2013

Transporte urbano.


Um transporte urbano de primeiro mundo para Uberlândia é utopia e coisa de gente sonhadora como eu? Isto parece estar se confirmando como uma verdade, a prefeitura parece estar consolidando o sistema BRT (Bus Rapid Transit) em nossa cidade com o anúncio do aumento do tamanho dos ônibus articulados a circular por nossas avenidas. Os ônibus agora, em vez de 11 metros passarão a ter 13 metros de comprimento, mas o motor diesel continuará a roncar pela cidade e a cuspir poluição em nossos ares.

Quando se começará a desenvolver um projeto de transporte silencioso e limpo? Este é um projeto que demanda muitos recursos? Sim, sem dúvida demanda muitos recursos e não deve ser feito por uma única administração municipal. Mas que administração terá esta visão de futuro e começará a implantar as primeiras linhas de um metrô leve de superfície? É otimista afirmar que algum grupo de estudo esteja fazendo um ambicioso anteprojeto de transporte para em audiência pública apresentar à comunidade local?

Em todas as comparações feitas para os diferentes meios de transporte urbano entra o metrô, mas não se fala no transporte urbano eletrificado. Mesmo que seja o BRT ligado à eletricidade, os famosos trólebus, que ainda são utilizados em algumas linhas na cidade de São Paulo. Estes veículos são muito mais silenciosos e não despejam poluição nos ares. São mais caros, sim sem dúvida, mas enquanto a vida útil de trólebus é de 20 a 30 anos, a de um ônibus diesel comum é de 5 a 10 anos, dependendo muito das condições de trabalho a que são submetidos.

Taipei em Taiwan, Kunming na China, Teerã no Irã e Quito no Equador, usam o trólebus como meio de transporte. Uma primeira etapa para a adoção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) com pouca ou nenhuma segregação com a malha viária da cidade. É bom lembrar que existe a solução de transporte eletrificado sobre pneus, o metrô de Santiago do Chile roda com esta solução. É verdade que o BRT pode utilizar combustíveis ambientalmente corretos como o biodiesel, por exemplo, mas os motores continuarão a ser de combustão e, portanto muito barulhentos para utilização em cidades que valorizam cada vez mais a redução de ruído, sem mencionar o fato que a eletricidade é o meio de transporte de energia mais limpo que se conhece.

Deve-se evitar o que os urbanistas como Jaime Lerner chamam de “gangrena urbana”, são as áreas isoladas de difícil acesso que transformam seus moradores em cidadãos de segunda classe. Nestas condições o acesso aos serviços citadinos fica difícil e demorado, estes moradores dispendem horas em idas e vindas de casa para o trabalho e vice-versa. Perde-se a convivência com a família e toda a qualidade de vida. Para que uma cidade funcione bem, o serviço de transporte urbano eficiente e de qualidade faz parte dos serviços públicos oferecidos por uma cidade aos seus munícipes.

É hora de começar a planejar o sistema viário da cidade para comportar nos novos viadutos, trincheiras e outras obras de arte, em conjunto com um sistema de transporte de passageiros compatível com o crescimento das cidades até o final deste século. Cidades como Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo, apresentam um transporte urbano que já dá formato ao crescimento de novos e antigos bairros agora servidos por um transporte de massa de qualidade.


Publicado na Coluna Ponto de Vista
Correio de Uberlândia
Data: 13/03/2013

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