Um transporte urbano
de primeiro mundo para Uberlândia é utopia e coisa de gente sonhadora como eu? Isto
parece estar se confirmando como uma verdade, a prefeitura parece estar
consolidando o sistema BRT (Bus Rapid Transit) em nossa cidade com o anúncio do
aumento do tamanho dos ônibus articulados a circular por nossas avenidas. Os
ônibus agora, em vez de 11 metros passarão a ter 13 metros de comprimento, mas o
motor diesel continuará a roncar pela cidade e a cuspir poluição em nossos
ares.
Quando se começará a
desenvolver um projeto de transporte silencioso e limpo? Este é um projeto que
demanda muitos recursos? Sim, sem dúvida demanda muitos recursos e não deve ser
feito por uma única administração municipal. Mas que administração terá esta
visão de futuro e começará a implantar as primeiras linhas de um metrô leve de
superfície? É otimista afirmar que algum grupo de estudo esteja fazendo um ambicioso
anteprojeto de transporte para em audiência pública apresentar à comunidade
local?
Em todas as
comparações feitas para os diferentes meios de transporte urbano entra o metrô,
mas não se fala no transporte urbano eletrificado. Mesmo que seja o BRT ligado
à eletricidade, os famosos trólebus, que ainda são utilizados em algumas linhas
na cidade de São Paulo. Estes veículos são muito mais silenciosos e não
despejam poluição nos ares. São mais caros, sim sem dúvida, mas enquanto a vida
útil de trólebus é de 20 a 30 anos, a de um ônibus diesel comum é de 5 a 10
anos, dependendo muito das condições de trabalho a que são submetidos.
Taipei em Taiwan,
Kunming na China, Teerã no Irã e Quito no Equador, usam o trólebus como meio de
transporte. Uma primeira etapa para a adoção do VLT (Veículo Leve sobre
Trilhos) com pouca ou nenhuma segregação com a malha viária da cidade. É bom
lembrar que existe a solução de transporte eletrificado sobre pneus, o metrô de
Santiago do Chile roda com esta solução. É verdade que o BRT pode utilizar
combustíveis ambientalmente corretos como o biodiesel, por exemplo, mas os
motores continuarão a ser de combustão e, portanto muito barulhentos para
utilização em cidades que valorizam cada vez mais a redução de ruído, sem
mencionar o fato que a eletricidade é o meio de transporte de energia mais
limpo que se conhece.
Deve-se evitar o que
os urbanistas como Jaime Lerner chamam de “gangrena urbana”, são as áreas
isoladas de difícil acesso que transformam seus moradores em cidadãos de
segunda classe. Nestas condições o acesso aos serviços citadinos fica difícil e
demorado, estes moradores dispendem horas em idas e vindas de casa para o
trabalho e vice-versa. Perde-se a convivência com a família e toda a qualidade
de vida. Para que uma cidade funcione bem, o serviço de transporte urbano
eficiente e de qualidade faz parte dos serviços públicos oferecidos por uma
cidade aos seus munícipes.
É hora de começar a
planejar o sistema viário da cidade para comportar nos novos viadutos,
trincheiras e outras obras de arte, em conjunto com um sistema de transporte de
passageiros compatível com o crescimento das cidades até o final deste século. Cidades
como Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo, apresentam um transporte urbano que já
dá formato ao crescimento de novos e antigos bairros agora servidos por um
transporte de massa de qualidade.
Publicado na Coluna Ponto de Vista
Correio de Uberlândia
Data: 13/03/2013
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