sábado, 30 de março de 2013

Pobres teatros


Uberlândia possui três teatros que são somente dois, o Teatro Municipal Oscar Niemeyer já inaugurado, mas ainda não acabado, e o Teatro Rondon Pacheco que conta hoje com acanhados 340 assentos e espaço para quatro cadeirantes. A terceira casa de espetáculos é o Teatro Grande Otelo que se encontra interditado, pois parte do teto ruiu e o restante do teto teve que ser retirado para não cair na cabeça de cidadãos desavisados. É muito pouco para uma cidade de mais de 600.000 habitantes, a preocupação com a saúde das instalações teatrais da cidade bem retrata o valor da cultura para nossos dirigentes pretéritos.

Foi espantosa a velocidade com que se conseguiu dinheiro do governo do estado para se construir a Arena Presidente Tancredo Neves, o Sabiázinho, enquanto isso o Teatro Municipal Oscar Niemeyer continua sua modorrenta marcha de construção por anos a fio, sem sequer uma data prevista para sua entrega definitiva. Diz a administração anterior que já terminou o teatro, inclusive foram afixadas placas de inauguração, afirma a administração atual que o teatro ainda está inacabado, faltando detalhes importantes para sua conclusão.

Talvez seja este o episódio que mais verdadeiramente retrate a importância da cultura em nossa cidade. Não é preciso descrever com palavras, basta a pura e simples observação dos fatos para se chegar a esta conclusão. Creio que Sebastião Bernardes de Souza Prata o pequeno Grande Otelo e maior e mais conhecido expoente da cultura teatral local esteja agora se revirando em seu sepulcro no cemitério São Pedro. O humilde Grande Otelo provavelmente teria muito pouco do que se orgulhar dos teatros que temos hoje em funcionamento em Uberlândia. 

Um lindo teatro semiacabado, um teatro acanhado de pouco mais de três centenas de lugares, e um terceiro em ruinas, melancolicamente cercado e isolado por tapumes para que as marquises não caiam na cabeça dos transeuntes. Urge que a população exija para já um teatro acabado e confortável que seja digno do tamanho desta cidade. Somente desta forma os grupos de teatro, de dança, e os corais baseados aqui poderão se sentir estimulados a programarem apresentações. Sem falar na possibilidade de trazer de fora grandes peças, grandes atores, grandes orquestras para exibição em nosso teatro do século XXI.

É preciso que nossas autoridades busquem com projetos locais os recursos das leis de incentivo a cultura do estado e do governo federal para dar vida aos nossos teatros e fazer germinar a semente teatral que se esforça para nascer com tanta dificuldade em nossa cidade. Uma cidade que brilha nos esportes no cenário nacional, precisa também brilhar com o teatro, a música, a dança e com as grandes orquestras. Mas sem um espaço adequado e muito bem equipado é impossível sequer sonhar com estes espetáculos.

O que se espera é que a atual administração municipal reconheça a dívida pretérita dos nossos administradores para com a arte e a cultura de nossa cidade através da reforma urgente do Teatro Grande Otelo, e a entrega não menos urgente do Teatro Municipal Oscar Niemeyer totalmente acabado e equipado como consta de seu projeto original. Aí sim poderemos ter aqui as peças teatrais, os grupos de dança e as exibições de orquestras sinfônicas que se apresentam somente nas capitais. 

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia
Coluna Ponto de Vista
em 26/03/2013

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